O livre arbítrio: você está no controle da sua vida?

Filósofo Luiz Fellipe Gonçalves de Carvalho debate questões sobre o poder de escolha do ser humano

Fonte: MF Press Global

IMG 9219 1

Uma questão tão antiga quanto a própria filosofia, é o debate sobre o livre arbítrio. Desde a antiguidade, filósofos se questionam se realmente temos controle sobre nossas decisões e ações. Até que ponto somos os mestres da nossa vida, e até que ponto somos apenas marionetes, manipulados pelas complexas teias do destino?

Enquanto muitos acreditam que somos seres totalmente livres para fazer escolhas, o filósofo Luiz Fellipe Gonçalves de Carvalho afirma o contrário. “Os condicionamentos sociais, culturais e até mesmo biológicos representam forças poderosas que moldam nossas escolhas e comportamentos diários. Desde a infância somos expostos a normas, valores e expectativas sociais que influenciam nossas percepções e decisões. Esses condicionamentos podem vir de várias fontes, incluindo nossa família, escola, mídia e comunidade. Assim, mesmo quando acreditamos estar tomando decisões de forma autônoma e racional, estamos frequentemente sendo influenciados por uma complexa interação de fatores”, afirma Luiz.

Fellipe explica que as ideias sobre o livre arbítrio variaram ao longo do tempo e em diferentes culturas. “Na filosofia antiga, figuras como Platão e Aristóteles discutiram a ideia de que o destino poderia ser influenciado pela vontade humana. No entanto, pensadores como Spinoza e mais recentemente neurocientistas como Benjamin Libet levantaram dúvidas sobre a existência de livre arbítrio, argumentando que nossas ações são determinadas por processos cerebrais inconscientes que ocorrem antes de tomarmos consciência delas”, acrescenta o filósofo.

Além disso, ele destaca que a noção de que não somos completamente livres em nossas escolhas é reforçada pelo fato de que muitas decisões que tomamos são condicionadas por fatores externos, como nossa educação, ambiente socioeconômico e até mesmo nossa genética. “Não podemos escolher nossos pais, a cultura em que nascemos ou os eventos históricos que moldaram nosso mundo”, reflete o especialista.

Embora isso possa parecer desanimador, entender a complexidade por trás de nossas decisões pode nos ajudar a desenvolver uma visão mais compassiva de nós mesmos e dos outros. Luiz Fellipe relembra que a melhor forma de atingir alguma liberdade é por meio do autoconhecimento. “Essa ferramenta informa a consciência sobre os padrões e compulsões de comportamento, sendo assim possível domá-las e tomar decisões mais conscientes. Reconhecer que não somos totalmente livres em nossas escolhas pode nos capacitar a tomar decisões mais informadas e a buscar mudanças tanto em nível individual quanto social”, finaliza o filósofo.

Enquanto o debate sobre o livre arbítrio continua, uma coisa é clara: a resposta não é simples e certamente não é definitiva. O que parece claro, no entanto, é que a interação entre nossas mentes, nossos corpos e o mundo ao nosso redor molda muito mais nossas escolhas do que podemos ter imaginado anteriormente.

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Colunista do Cenário MT é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE - Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro Mensa, Intertel e Triple Nine Society, sociedades de pessoas com alto QI.