O homeschooling ou “ensino domiciliar” é a educação sistemática no sentido escolar, sendo realizada em casa pela família. É o que explicou a Mestre em Educação e idealizadora e diretora pedagógica da Escola Teia Multicultural e cofundadora e diretora pedagógica da Edtech Asas Educação, Georgya Correa.
A especialista também afirmou que, de forma geral, a aprendizagem pode ser prejudicada. “A gente tem algumas propostas de leis sobre esse tema, mas vejo que existem lacunas bem grandes.”
Segundo Georgya, existem duas linhas importantes de trabalho realizadas dentro da escola que devem ser consideradas. A primeira linha é a do papel social da escola.
“Dentro de um país democrático precisamos aprender a respeitar e compreender as diferenças. A gente precisa enquanto população ver a escola como um espaço seguro para as diferenças de gênero, de orientação sexual, etnia, religião, nacionalidade. São formas que nos diferenciam, mas que precisamos aprender a conviver. É necessário entender que o outro pode ser diferente de mim e que isso não o diminui, nem o exalta, está tudo certo. As pessoas têm o direito às suas escolhas, às suas ideias e eu posso não compartilhar dessas escolhas no sentido de acreditar que aquilo para mim é bom, mas eu tenho que considerar que é a escolha do outro e ele tem essa liberdade, desde que isso não infrinja os direitos humanos, que não invada algumas instâncias já conquistadas pela a evolução, o espaço do outro.”
Conforme a profissional da educação, o homeschooling, de certa forma, fortalece a separação e distância entre as crianças.
“Se o homeschooling fosse uma opção para pessoas que moram muito distantes, em locais que não tenham escolas, podemos entender, mas ainda assim, seria importante questionar o governo para que este ofereça condições dessas crianças chegarem na escola. No entanto, não é esse o caso, normalmente. O que acontece é um desejo de exclusão de determinadas famílias por não acreditarem em todas as possibilidades educacionais que estão em seu entorno. Dentro de escolas públicas e privadas temos diferentes características, diferentes propostas. Mas essas pessoas consideram que nenhuma das instituições de ensino que estão ao redor servem para a sua família. Muitas vezes por serem distintas das ideologias, das ideias que essa família tem. Não estou dizendo que tais características familiares estejam erradas, mas que ensinar os filhos a lidar com características que sejam distintas a sua é algo importante”, afirmou.
A segunda linha de trabalho da escola é a aprendizagem do que chamamos de conteúdos , aquilo que precisa ser desenvolvido cognitivamente ao longo da educação infantil/juvenil, Georgya pontuou:
“Se não levarmos esse conhecimento estamos negando a liberdade que se tem pelo saber. O desenvolvimento das capacidades intelectuais são gerados a partir dessas pequenas provocações para tirar a pessoa de um estado acomodado do conhecimento que ela tem para algo que vá além. É claro que a criança aprende muito no brincar, no fazer, na rotina dentro de casa, mas existem algumas coisas que a sistematização desenvolve bastante também.”
Sobre Georgya Correa
Georgya Correa é a fundadora, idealizadora e diretora pedagógica da Escola Teia Multicultural e cofundadora e diretora pedagógica da Edtech Asas Educação. Teve sua primeira formação como atriz de: teatro, televisão e rádio, atuou como assistente de direção, coreógrafa e cenógrafa. Realizou trabalhos para o setor de RH desenvolvendo treinamentos de equipes através do lúdico. Se formou em pedagogia (São Camilo), fez extensão em neurociência (PUC), mestrado lato sensu em neuropsicopedagogia (UCAMPROMINAS), mestrado strictu sensu em currículo (PUC).