As escolas já têm grande parte dos alunos filhos de pessoas da geração Y. A tendência é que nos próximos anos uma porcentagem ainda maior do número total de alunos dessas escolas seja de filhos dessa geração. É o que explicou Lucas Briquez, diretor administrativo da escola Teia Multicultural e CEO da Edtech Asas Educação. Segundo ele, os millenials (geração y) representam uma geração que tem características bastante particulares.
Conforme o Censo de 2010, do IBGE, a Geração Y, naquela época, representava 36% da população nacional. Isso quer dizer que os nascidos na década de 80 e meados de 90 já somavam 68 milhões de pessoas. Os dados ilustram a análise do diretor Lucas Briquez, quando afirma que a tendência é que cada vez mais crianças filhas de pais da geração Y ingressem nas escolas.
“Para lidarmos melhor com essa comunidade de familiares, quanto escola, precisamos encarar essas características e conhecê-las a fundo.”
Outro ponto muito importante, para Briquez, é que as “novas” famílias não escolhem algo simplesmente/somente pela comodidade, mas também buscam empresas que compactuam com seus valores e que, de alguma forma, consigam atender suas necessidades específicas.
“É fácil perceber no mercado de serviços, que, cada vez mais, as empresas buscam levar as ofertas sob demanda, e em relação à busca por escolas não é diferente. Aquela escola padronizada que trata todo mundo de uma mesma forma já não é tão bem vista por pessoas dessa geração. Eles buscam um atendimento mais personalizado, com identidade. Esses pais e mães também gostam de sentir que existe abertura para sua interação” disse.
Lucas explicou que é muito comum que os pais nessa faixa etária busquem escolas onde possam ter algum tipo de voz ativa e que consigam interagir com outras famílias afim de criar uma comunidade para que seus filhos tenham amigos que tenham famílias que compactuam desses mesmos valores, para que se construa uma microsociedade em torno da comunidade escolar.
“As escolas que são muito rígidas, no sentido de não abrirem nenhum espaço para sugestões ou críticas construtivas acabam perdendo bastante adesão dos millenials. Por serem bastante idealistas, buscam não só se vincularem à instituição como um todo, mas também com as próprias pessoas que representam aquela instituição”, disse.
Pais melhores amigos dos filhos?
De acordo com um estudo de mercado realizado pela The Family Room LLC, 54% dos pais dessa geração, que hoje têm entre 25 e 35 anos, descrevem seus filhos como seus “melhores amigos”.
Diante disso, Lucas afirmou que, pelo fato dos pais se considerarem bastante jovens, muitas vezes, constroem relações de amizade com os seus filhos. No entanto, para ele, isso não significa que pai e filho são de fato amigos.
“Existe uma relação de subordinação, onde um deles é o adulto e o outro é a criança que tem uma necessidade de orientação e de limites. Percebo que essa geração (da qual faço parte) tem dificuldade em impor alguns limites com medo de acabar repetindo alguns padrões que receberam de seus pais, e, por isso, agem com uma certa liberalidade com seus filhos. Mas em tudo deve existir um meio termo, se por um lado não é necessário que seja autoritário a todo momento, de uma forma que não exista afeto, que não exista momentos de descontração e brincadeiras. Por outro lado, existem momentos onde a conversa tem que ser mesmo mais séria, onde existem limites que o filho não pode ultrapassar, inclusive, para sua própria preservação.”
Sobre a relação entre professores e alunos, o profissional da educação afirma que também deve existir o mesmo equilíbrio, para que não haja um comportamento completamente autoritário, que é reprovado pelos pais e também pela própria escola, como também uma postura totalmente permissiva, que acaba prejudicando o próprio aluno e o grupo.
“O professor deve ter uma relação amistosa, momentos descontraídos de conversa com os alunos, momentos de acolhimento, mas também deve saber os momentos em que é necessário impor limites, ser escutado e ter seus direcionamentos acatados. Esse respeito não é proveniente do medo, mas sim, da admiração e da confiança, do vínculo criado”, finalizou.