Como se tornar piloto de drone

Fonte: CenárioMT

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O Brasil possui 77.497 drones cadastrados, sendo 29.471 para uso profissional e 48.026 para uso recreativo. Os dados foram divulgados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) no início de julho de 2020.

As pessoas físicas respondem pela maioria dos 63.862 registros referentes a junho: foram 59.232 contra 4.630 feitos por pessoas jurídicas. Em janeiro, eram 68.484 aeronaves remotamente pilotadas (RPA), um aumento de 13,16% de inscritos no primeiro semestre deste ano.

Os estados que se destacaram foram Bahia, com 26.275 cadastros, seguido de Mato Grosso do Sul, com 9.085, e Roraima, 7.384.

Além do uso militar, cada vez mais os drones possuem finalidade profissional nas atividades de fotografia e filmagens, monitoramento de segurança, mapeamento de canteiros de obras e de lavouras, topografia, inspeções técnicas, assistência técnica, pulverizações, entregas e delivery.

Em tempos de pandemia, cidades brasileiras usaram drones com alto-falante para orientar a população ou os modelos com pulverizadores para desinfecções em condomínios. No Chile, houve registro de RPA que levou medicamentos, máscaras e álcool em gel para idosos em áreas distantes.

É necessário estar habilitado para atuar neste mercado em expansão. Portanto, os interessados devem procurar um curso de piloto de drones e obter formação adequada.

Normas e conhecimento obrigatórios

A profissionalização na área exige conhecimento teórico e prático: saber as especificações técnicas do aparelho, avaliar o risco operacional, adotar as providências para a operação segura da aeronave.

Afinal, será demandado que o piloto de drone saiba fazer o planejamento, a programação e a execução de voo, além do processamento das informações e preparo para enviar dados e imagens aos contratantes.

No Brasil, a regulamentação do uso dos das aeronaves não tripuladas é tratada em normas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

No início de julho, houve atualização das orientações com a entrada em vigor de quatro legislações sobre drones do Decea – uma Instrução do Comando da Aeronáutica (ICA) e três Manuais do Comando da Aeronáutica (MCA).

Os conteúdos foram alterados conforme as diretrizes da Organização Internacional da Aviação Civil (Oaci), acompanhando a evolução da tecnologia e garantindo a segurança do setor.

Ao comprar o aparelho, a dica é pesquisar. Há diferentes modelos, com características, especificações e preços variando de menos de R$ 1 mil a R$ 100 mil. É importante adquirir baterias adicionais. Assim, deve-se escolher a opção de equipamentos – drone e eletrônicos complementares – que melhor atenda à finalidade para a qual será usado. 

Todos os equipamentos devem ser homologados pela Anatel e autorizados pela Anac e pelo Decea. Se não vier com o selo, o proprietário deverá providenciar a regularização.

A habilitação pela Anac é obrigatória  para os pilotos de drones classe 1 (aparelho de mais de 25 kg) e classe 2 (menos de 25 kg) que forem voar acima de 400 pés do solo.

Para conseguir a autorização, precisa ter idade mínima de 18 anos, obter um Certificado Médico Aeronáutico e um registro de voo emitidos pela Anac. E, além de conhecer os detalhes das regulamentações, é necessário passar por um teste de conhecimento e proficiência.

“Os atributos necessários para ser um piloto profissional de drones são diversos e multidisciplinares, uma vez que o voo envolve várias áreas distintas, como mecânica, aerodinâmica, ciências aeronáuticas, telecomunicações, programação, eletrônica, etc. Entretanto, como características indispensáveis devem se destacar disciplina, treinamento e estudo constante, bom desenvolvimento psicomotor, responsabilidade e profissionalismo”, enumera Felipe Calixto, CEO do Itarc – Escola de Drones.

No geral, os drones só podem ser operados em áreas com mínimo de 30 metros horizontais de distância das pessoas não anuentes ou não envolvidas com a operação. Cada piloto remoto só pode operar um equipamento por vez.

Diferencial na disputa por mercado

O curso de drone não possui pré-requisitos. O aluno garante experiência com diversos modelos, além de capacitação e conhecimento técnico para o mercado de trabalho.

Inclui etapas a distância e dois dias de aulas presenciais em um campi de treinamento. Ao concluir, o aluno se torna um piloto profissional registrado no Decea. Há opções para manutenção de drones, formação de instrutores e mapeamento aéreo com drones.

“O mercado está repleto de amadores. Então, para um piloto de drones conseguir se destacar, basta ser um profissional que reúna algumas condições como comprometimento, excelência e qualidade no serviço, saber precificar de forma justa e razoável o trabalho, pontualidade, possuir especializações e títulos de peso no mercado e ser capaz de superar a expectativa dos clientes”, ressalta Felipe Calixto.

Para definir o valor do serviço, o profissional deve considerar o deslocamento até onde o serviço é solicitado, 10% do valor geral dos equipamentos e a experiência que o piloto é capaz de fornecer para o contratante. Estimativas apontam que, dependendo do setor, o salário pode girar de R$ 3.500 a R$ 15 mil.

De acordo com Calixto, o mercado não está tão aquecido e as contratações por empresas não estão ocorrendo em larga escala. O momento é oportuno para os pilotos autônomos que iniciam um pequeno negócio oferecendo diversos serviços com drones.

“Com apenas um drone profissional, dependendo do modelo e das características, este piloto consegue atuar em diversos mercados distintos, o que aumenta consideravelmente suas chances de não ficar parado. Principalmente para aqueles que se especializam. Em muitos casos, os especialistas até descartam carteira assinada, pois o mercado é muito vasto e até mesmo carente de profissionais que realmente sabem fazer o trabalho”, pondera.

O fato de que drones são capazes de realizar trabalhos inalcançáveis para o ser humano demonstra o horizonte de possibilidades oferecido por essa tecnologia. A necessidade de isolamento social por causa do Covid-19 reforçou ainda mais a importância dessa característica.

Quem deseja atuar na pilotagem dos equipamentos deve entender que se trata de um trabalho promissor, mas permeado por responsabilidades e habilidades que precisam ser buscadas com afinco para conquistar sucesso no mercado.