O Brasil se chocou com a notícia de que um estudante foi apreendido pela Polícia Militar (PM) após atacar quatro professores e dois alunos em uma escola na zona sul da cidade de São Paulo. O ataque aconteceu na manhã desta segunda-feira, 27, na Escola Estadual Thomazia Montoro e deixou uma professora de 71 anos morta. As informações preliminares apontaram que o aluno tem 13 anos e frequentava a unidade de ensino desde o dia 15 de março.
Depois do ocorrido, muito vem se falando a respeito do comportamento desse adolescente. Quem também opinou foi a neuropsicóloga Roselene Espírito Santo Wagner.
Tudo o que acontece na infância, não fica lá. Segue conosco em todas as outras fases da vida. Pois um adulto é somente uma criança que cresceu. A adolescência é uma ponte, uma passagem de uma etapa para outra. É considerado que nesta etapa cheia de emoções e transformações físicas, haja muitos conflitos, sobretudo entre o que se é e o que se quer ser.
Segundo ela, chamamos isso de “A síndrome da adolescência normal”. Porém, conforme ela, há que se cuidar dos excessos. “Todo ser humano necessita viver em sociedade, portanto estar sob regras e normas sociais. Já é um caso de saúde pública, a falta de responsabilidade e comprometimento com a educação, informação e formação de qualidade e principalmente a intenção de construir, através de comportamentos saudáveis, maturidade emocional”, disse.
Roselene explica que uma criança precisa de limites e dar limites é dar amor. “Um rio só é rio porque suas águas estão contidas por margens limítrofes. A criança necessita de frustrações para desenvolver resiliência e persistência na conquista desejada. Felicidade é apenas o intervalo de tempo entre um problema e outro”, completou.
“O adolescente necessita dessa contenção, para que suporte a lei social, as condutas arbitradas precisam ser seguidas. No caso desse adolescente específico, pouco ainda se sabe. Mas é provável que sua conduta tenha um lastro de mal comportamento, desrespeito, desobediência às regras sociais. Não foi por acaso e muito menos de repente que esse comportamento agressivo, violento, que o fez se transformar num homicida em potencial foi deflagrado. Basta uma investigação minuciosa, para constatar que havia indícios que levantavam suspeitas sobre um ‘ataque de fúria’. Somos todos partícipes desse cenário catastrófico enquanto como sociedade não nos comprometermos em educar de forma criteriosa e responsável”, emendou.
“Leninha”, como é mais conhecida, cita que não podemos mais ser omissos e preguiçosos com a formação de personalidade e caráter, através de conduta que se desviam dos hábitos saudáveis, da conduta, causa deformação de caráter e prejuízo a vida do transgressor e de quem com ele convive.
“É necessário, portanto, que família, pais, professores/educação, sociedade e saúde pública, tenham a consciência de formar cidadãos de bem. Nesse aspecto, a autoridade sem autoritarismo, à condução por parte de um adulto maduro e responsável para gerar novos adultos com a mesma característica, se faz necessário. Assumir essa responsabilidade, requer restringir o tempo de uso de telas, de redes sociais, que são altamente distratores da informação e educação de qualidade e geradores de estímulos estressores e ansiosos que geram comparação e desvalorização da vida, ética e comportamento saudável”, comentou.
Leninha explica que dedicar tempo de qualidade, palavras de afirmação, reforço positivo, diálogo de comunicação saudável, exige tempo e esse é o recurso mais caro que as pessoas passaram a gastar de forma irresponsável.