Vítor Pereira e Roger Guedes supostamente não têm tido um bom relacionamento dentro dos muros corinthianos. O atacante não tem jogado regularmente no Timão, em uma gangorra de performance, às vezes, com atuações de tirar o chapéu e em outras partidas, apagado. Guedes não joga desde a partida contra o Internacional no Campeonato Brasileiro.
No entanto, o jogador não mediu as palavras na entrevista após a boa performance contra o time de Santa Catarina:
“Acho que mostrei onde eu quero jogar. Foi uma conversa sadia que tive com ele, lógico que prefiro jogar aqui, onde me sinto mais à vontade, onde posso usar minha característica de fazer o facão toda hora”.
Esse foi o estopim da lavagem de roupa suja entre o jogador e o treinador. Então, ontem, após o clássico contra o São Paulo, o português soltou o verbo:
“Ele precisa se provar nos treinos e entender que as necessidades do time vêm em primeiro lugar. Só assim ele irá ganhar oportunidades para demonstrar que ainda merece uma vaga no elenco”.
Segundo o Psicanalista, filósofo e especialista em mentalidade e comportamento esportivo, Lincoln Nunes, “atritos no ambiente de trabalho são mais do que normal, afinal, somos humanos e, em algum momento, podemos nos desentender. Porém, no futebol as coisas se tornam públicas. Portanto, mais do que nunca, os jogadores precisam ter controle mental e comportamental.”
O preparador mental é experiente quando o assunto se trata do lado comportamental do futebol. Atualmente, o especialista atende atletas da Seleção Brasileira, Premier League, La Liga e do Brasileirão.
“Além disso, nesse caso do Corinthians, não dá para apontar o lado certo ou errado. Ainda mais por não estarmos dentro do dia a dia do clube. Não sabemos, de fato, como é a relação entre comissão e jogadores. Existe um ditado que diz o seguinte: “as empresas contratam as pessoas por suas competências técnicas e as demitem pelas comportamentais”. Isso é real e comprovado cientificamente, segundo a PhD em Psicologia de Harvard, Carol Dweck, os atletas que a mentalidade fixa, ou seja, aqueles que não se adaptam às condições de trabalho, geralmente, são os que têm menos resultados no geral da performance.”
No entanto, conforme o especialista, aqueles que têm a chamada mentalidade aberta se adaptam a qualquer circunstância e isso vale para os treinos, jogos e a própria relação interna entre comissão e atletas.
Além disso, Lincoln ainda cita que fatores externos podem influenciar comportamentos fora do padrão do atleta:
“As pessoas enxergam os jogadores como super-heróis, os torcedores mais ferrenhos não conseguem ver os jogadores cometerem nenhum deslize em nenhum ponto da vida, mas eles são tão humanos quanto nós. Portanto, é bem comum que os jogadores tragam algum problema da vida externa ao trabalho e se comportem de forma diferente e até de maneira inadequada em alguns momentos. Por isso, a necessidade de um acompanhamento mental desses atletas é fundamental nesses momentos, servindo até mesmo para cortar atritos no elenco e proteger o maior ativo do futebol do clube: o jogador”, disse o preparador.