A obesidade infantil tem se tornado uma preocupação crescente em todo o mundo, com taxas alarmantes de aumento em várias regiões. Além das consequências físicas imediatas, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e distúrbios metabólicos, a obesidade na infância está associada a uma variedade de problemas de saúde a longo prazo, incluindo complicações na coluna vertebral.
Um estudo do brasileiro pós PHD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, e do médico ortopedista Luiz Felipe Chaves Carvalho, buscou compreender melhor as interações entre obesidade infantil, neurociência e saúde da coluna, para abordar essa questão muitas vezes não abordada na literatura médica. Intitulado “Uma Perspectiva Neurocientífica sobre a Obesidade na Infância e Adolescência e seus Impactos na Saúde da Coluna”, a pesquisa está disponível para leitura na Vitalia: Revista Científica de Salud y Desarrollo Humano.
De acordo com o pós PHD Fabiano, a obesidade é caracterizada como uma condição de acúmulo excessivo de gordura corporal, que pode apresentar efeitos adversos significativos para a saúde do indivíduo. “Fisiologicamente, a obesidade é fruto do desequilíbrio entre a ingestão de calorias e o gasto energético do corpo. Ocorrendo quando o indivíduo consome calorias em excesso, ou seja, em quantidade altas em que o corpo não consegue queimar ao longo do tempo. Além disso, fatores genéticos, ambientais, comportamentais e metabólicos podem contribuir para o desenvolvimento e agravamento da obesidade”, afirma Abreu.
Segundo Agrela, as doenças cardiovasculares são um importante fator de risco para o desenvolvimento da obesidade, afetando o coração e os vasos sanguíneos. “A obesidade, principalmente abdominal, é um fator de risco para as diabetes tipo 2, devido à associação ao estado de resistência à insulina. Distúrbios respiratórios também são frequentes em indivíduos obesos, devido à compressão dos pulmões e vias aéreas”, destaca o profissional.
O que muitos não sabem, é que de acordo com a pesquisa, o excesso de peso pode provocar uma pressão adicional nas regiões de articulações e estruturas de suporte do corpo, aumentando o risco de condições ortopédicas como osteoartrite. “Isso acontece porque o peso adicional exercido sobre as articulações e estruturas de suporte do corpo pode sobrecarregá-las, resultando em um desgaste excessivo ao longo do tempo. Essa pressão adicional pode levar a danos nas cartilagens das articulações, causando inflamação e dor, especialmente em áreas como os joelhos, quadris e coluna vertebral. Com o tempo, essa sobrecarga contínua pode contribuir para o desenvolvimento de condições ortopédicas, como a osteoartrite, que é uma doença degenerativa das articulações”, afirma Luiz.
Na obesidade infantil, fatores como hábitos alimentares inadequados e falta de atividade física são as principais causas. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição identifica a obesidade como um problema de saúde pública que necessita de intervenções integradas dos diversos setores de saúde.
Para prevenir a obesidade infantil, é necessária uma abordagem integrada, incluindo alimentação saudável, prática regular de atividades físicas e educação das famílias sobre os riscos da obesidade. Fatores socioeconômicos, como o acesso limitado a alimentos saudáveis, também podem contribuir para escolhas alimentares menos saudáveis.
Crianças e adolescentes obesos também podem enfrentar problemas psicossociais, como bullying e baixa autoestima, o que pode levar ao desenvolvimento de distúrbios alimentares desordenados. É importante uma abordagem holística que envolva o apoio da família, escola e profissionais de saúde para promover uma imagem corporal positiva e autoestima saudável. A obesidade na infância é influenciada por uma interação entre fatores genéticos, ambientais, comportamentais e neurobiológicos.
Os neurotransmissores desempenham um papel importante na regulação do apetite e do comportamento alimentar. Além disso, fatores genéticos também desempenham um papel significativo no ganho de peso corporal e na regulação do metabolismo, o que pode afetar a predisposição à obesidade. Os pesquisadores destacam que a compreensão dos mecanismos subjacentes à obesidade na infância e adolescência, incluindo fatores genéticos, ambientais e neurobiológicos, é essencial para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e tratamento dessa condição de saúde pública.