O roqueiro Ozzy Osbourne, diagnosticado em 2020, revelou que está usando células tronco para tratar o Parkinson. O cantor de 73 anos revelou em um episódio do seu programa de rádio “Ozzy Speaks” que realiza aplicações das células periodicamente.
“Essa coisa que faço, é tipo uma célula-tronco super f*, sabe? Eles aplicaram três frascos em mim esta manhã”, contou ele sobre o procedimento. […]Tomei um há cerca de três meses e isso foi um reforço. Preciso voltar daqui a cerca de seis meses”, contou o artista.
O que são as células tronco?
As células-tronco são estruturas capazes de se transformar em diferentes tipos de células no corpo, podendo se dividir e substituir outras que tenham sido perdidas ou danificadas.
Elas teriam o propósito de acelerar a cicatrização e recuperação de lesões, ou de substituir tecidos doentes em geral, e são alvo de diversas pesquisas para ampliar a sua usabilidade. O problema é que têm sido oferecidas, sem o critério adequado, em cenários dentro dos quais as promessas nem sempre são verdadeiras, à luz da medicina séria.
Células tronco podem ser usadas contra o Parkinson?
De acordo com o neurocirurgião com atuação em Parkinson, Dr. Bruno Burjaili, a técnica tem boas perspectivas, mas que ainda não são tão reais como gostaríamos, além de serem de difícil acesso e de um comportamento ainda pouco previsível a longo prazo, o que aumenta a nossa alerta quanto aos riscos.
“Alguns estudos têm sido promissores quanto ao uso de células-tronco para o tratamento de sintomas da doença de Parkinson, mas ainda não podemos aplicar essa técnica nas pessoas em geral. Mesmo nesses estudos, as células foram implantadas diretamente diretamente no cérebro através de cirurgia, e não do modo como a celebridade em questão relatou”.
“Aguardamos que essas pesquisas progridam, eventualmente, permitam a aplicação mais generalizada. Porém, devemos ter cuidado com a expectativa, pois ainda não há o objetivo de evitar a progressão ou cura da doença com essas células-tronco, e sim mais uma ferramenta para redução dos sintomas na vida prática. Se esse tipo de redução de sintomas será útil diante dos possíveis riscos de um procedimento dessa complexidade, ainda não sabemos”.
“O custo para os células-tronco ainda é extremamente alto, e se já temos dificuldade de acesso quanto ao marca-passo cerebral (técnica já consagrada para controle dos sintomas) em relação à população geral, esta restrição será bem maior, pelo menos inicialmente, quanto às células tronco”, explica Dr. Bruno Burjaili.
A técnica precisa considerar os riscos
Técnicas que prometem resultados muito milagrosos devem ser vistas com atenção pois além de não trazem resultados positivos, ainda podem gerar riscos, afirma Dr. Bruno Burjaili.
“A injeção de células-tronco pela corrente sanguínea como tem se propagado de modo pouco criterioso pela Internet não está indicadas no tratamento de Parkinson e não existem estudos que comprovem sua eficácia, sem considerar os possíveis riscos”.
“Sabemos o quanto é tentador para quem sofre com uma doença o fato de buscar qualquer tratamento que é proposto, mas além do tempo e custo necessários, tais propostas podem trazer danos e só devem ser utilizadas, como em todo tratamento, uma vez que tenham, de fato, sustentação científica. É uma questão de cuidado, de respeito ao paciente, e não de perdemos a esperança”, ressalta.