O mês de abril é o Mês de Conscientização da Doença de Parkinson e o dia 11 é considerado o Dia Mundial do Parkinson, períodos que permitem uma maior projeção a informações sobre a doença, como prevenção, sintomas, diagnóstico e tratamentos.
Atualmente, os tratamentos contra Parkinson já evoluíram bastante e contam com alta tecnologia capaz de melhorar bastante a qualidade de vida dos pacientes, no entanto, ainda não são tão conhecidos para a maioria da população, explica o neurocirurgião especialista em Parkinson, Dr. Bruno Burjaili.
“O Parkinson é uma das doenças neurológicas para as quais surgiram mais tratamentos nas últimas décadas, apesar das dificuldades de diagnóstico. São vários os medicamentos no nosso arsenal para melhorar a qualidade de vida do paciente, o que fica mais explícito quando notamos que uma pessoa não está sendo devidamente tratada”.
Principais sintomas do Parkinson:
Tremores: Movimentos involuntários e ritmados, principalmente nas mãos;
Rigidez muscular: Sensação de rigidez e dificuldade de movimento;
Bradicinesia: Lentidão nos movimentos e dificuldade de iniciar ações;
Instabilidade postural: Dificuldade em manter o equilíbrio e postura ereta;
Alterações na marcha: Passos curtos, arrastados e instáveis ao caminhar.
É possível prevenir o Parkinson?
Embora não haja uma maneira garantida de prevenir o Parkinson, adotar um estilo de vida saudável é uma decisão bastante sensata. Isso inclui manter uma dieta equilibrada, exercitar-se regularmente para promover a saúde cardiovascular e cerebral, ter um sono de qualidade, e evitar toxinas ambientais, como pesticidas,
Como é feito o diagnóstico de Parkinson atualmente?
Continuando sendo quase que exclusivamente baseado em avaliação clínica, na consulta. Exames adicionais são raramente necessários.
“O diagnóstico atualmente continua sendo clínico, através de uma boa consulta médica, seja presencial ou por vídeo; os exames complementares, como os de imagem, são apenas auxiliares nesse processo e não substituem uma boa avaliação”, explica Dr. Bruno Burjaili.
Tratamento básico deve ser multidisciplinar
O tratamento básico para a doença utiliza diversos profissionais para auxiliar no controle dos sintomas e melhora da função do paciente em áreas como mobilidade, fala e coordenação.
“Existem diversas terapias associadas ao tratamento farmacológico, como a fisioterapia, principalmente para melhorar a caminhada, o equilíbrio e a postura, a fonoaudiologia, que ajuda a melhorar a fala e a deglutição, terapia ocupacional, que auxilia nas atividades práticas do dia a dia, psicoterapia, para ajudar a lidar com a doença e manter a saúde mental, além de outras técnicas e profissionais que ajudam no tratamento”, conta Dr. Bruno Burjaili.
Tratamentos atuais com alta tecnologia:
Com a evolução da tecnologia surgiram várias novas técnicas para tratamento da doença que foram verdadeiros avanços para o processo. Conheça algumas técnicas atuais:
Estimulação Cerebral Profunda:
“O tratamento com Estimulação Cerebral Profunda, conhecido como ‘marca passo cerebral’, ainda é pouco conhecido por muitas pessoas, mas já é bastante consolidado atualmente e traz excelentes resultados através do implante de um eletrodo no cérebro que permite atenuar sintomas como tremor, rigidez, lentidão, algumas formas de alteração de caminhada, movimentos involuntários e até alguns tipos de dor”.
Ultrassom Focalizado de Alta Intensidade:
“Esse tratamento já possui uma grande literatura que o apoia, ele é mais consolidado para tremor essencial, mas também é eventualmente usado para o Parkinson em situações especiais, principalmente em pacientes com predominância de tremores”.
O futuro do tratamento do Parkinson pode envolver chupa cerebrais e derivados da cannabis?
Atualmente novos métodos de tratamento estão sendo estudados pela ciência para ajudar ainda mais na melhora dos sintomas e qualidade de vida dos pacientes, as novas possibilidades envolvem o uso de implantes cerebrais integrados com IA e canabinoides.
“Essas substâncias são derivadas da cannabis, e têm sido bastante estudadas, mas ainda não oferecem o fundamento científico suficiente para o uso generalizado no Parkinson, ou seja, podem ser pensadas em situações muito excepcionais”.
“Também existem estudos em andamento que estão explorando a estimulação do sistema nervoso através da coluna vertebral que podem ajudar nos sintomas de “congelamento de caminhada”, assim como estratégias de diagnóstico ou uma proximidade cada vez maior com a cura para o futuro”.
“Novos tipos de implantes cerebrais, que foram bastante comentados atualmente, como no caso da empresa Neuralink de Elon Musk, além de experiências de alto nível que os precederam, realizadas pelo grupo brasileiro liderado por Miguel Nicolelis, são possibilidades adicionais”, explica Dr. Bruno Burjaili.
Atenção a promessas milagrosas
De acordo com o Dr. Bruno Burjaili, é importante ter cuidado com promessas de recuperações muito grandes e rápidas e sempre pesquisar antes de aderir a um tratamento.
“Infelizmente existem diversos tratamentos que são expostos como eficazes, mas que carecem de comprovação científica, como o Túnel Térmico Cerebral, que sequer pode ser considerado tratamento, além de exames em exagero, substâncias, suplementação ou dosagem de vitaminas e soroterapias sem evidência de eficácia contra a doença”, alerta.