Um estudo recente publicado na revista Nature Neuroscience encontrou uma ligação entre a COVID-19 persistente, também conhecida como COVID longa, e o declínio cognitivo. A pesquisa, que envolveu indivíduos com COVID longa e comprometimento cognitivo, identificou três alterações importantes:
- Disrupção da barreira hematoencefálica: Essa estrutura protege o cérebro de toxinas e células inflamatórias no sangue. A ruptura da barreira pode permitir que essas substâncias nocivas entrem no cérebro, causando danos e disfunção.
- Inflamação sistêmica: Níveis elevados de marcadores inflamatórios foram encontrados no sangue de pessoas com COVID longa e declínio cognitivo. A inflamação sistêmica crônica pode contribuir para a disfunção cerebral e os sintomas cognitivos.
- Alterações na estrutura cerebral: O estudo observou alterações na estrutura da substância branca cerebral, que é responsável pela comunicação entre os neurônios. Essas alterações podem estar relacionadas à desmielinização, que prejudica a transmissão de sinais nervosos.
O que isso significa?
O Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós PhD em Neurociências membro da Society for Neuroscience nos Estados Unidos, comenta sobre as implicações do estudo:
“Esses achados são preocupantes, pois sugerem que a COVID longa pode ter efeitos duradouros no cérebro. A ruptura da barreira hematoencefálica e a inflamação sistêmica podem ser mecanismos que contribuem para o declínio cognitivo observado em alguns pacientes.”
Ainda há muito a ser aprendido
O Dr. Agrela ressalta que o estudo é um passo importante na compreensão da COVID longa, mas ainda há muito a ser pesquisado:
“Ainda não sabemos como essas alterações se traduzem em sintomas específicos ou qual é o impacto a longo prazo da COVID-19 no cérebro. Mais pesquisas são necessárias para determinar se esses achados são generalizáveis para todos os pacientes com COVID longa e para desenvolver intervenções eficazes.”
O Dr. Agrela acredita que o estudo abre caminho para novas pesquisas sobre os efeitos da COVID-19 no cérebro:
“Esses achados auxiliam os mecanismos subjacentes ao declínio cognitivo na COVID longa e podem levar ao desenvolvimento de novas terapias para essa condição. É importante que continuemos a investigar as consequências da COVID-19 para a saúde mental e neurológica dos pacientes.”