Esta semana, um novo estudo, publicado na revista científica “Nature Medicine”, analisou o uso de uma nova técnica para o tratamento de Parkinson e conseguiu fazer com que um paciente de 62 anos, que sofria da condição, retomasse os movimentos nas pernas e voltasse a andar novamente.
O paciente já havia recebido o diagnóstico de Parkinson há 28 anos, passado por diversos especialistas e realizado vários tratamentos para reduzir os sintomas da doença, principalmente perdas de equilíbrio e locomoção, mas sem grandes resultados.
Como funciona a nova técnica?
A técnica, chamada Estimulação Elétrica Epidural Direcionada (EES), é minimamente invasiva e funciona com neuropróteses capazes de modular a atividade de nervos relacionados aos movimentos das pernas em tempo real, conseguindo reproduzir a ativação natural da medula espinhal durante a marcha (caminhada).
A EES, quando combinada com a Estimulação Cerebral Profunda no núcleo subtalâmico – região cerebral relacionada às funções motoras – promoveu passos mais longos, melhora no equilíbrio e redução do congelamento na marcha.
Nova terapia pode revolucionar o tratamento de Parkinson
De acordo com o neurocirurgião especialista em tratamentos de Parkinson, Dr. Bruno Burjaili, a inclusão da nova técnica em paralelo aos procedimentos existentes pode potencializar os resultados do tratamento de Parkinson.
“Atualmente, um dos tratamentos benéficos para o Parkinson é a Estimulação Cerebral Profunda, ou DBS, em que um eletrodo no cérebro do paciente ajuda a reduzir bastante os tremores, rigidez e lentidão, mas com a vivência clínica, percebemos que ele não é tão eficaz quando se trata de congelamento de marcha ou alterações de equilíbrio, algo que pode ser atingido com a associação dessa nova técnica”.
“O uso de sensores nas pernas juntamente aos estimuladores dentro da coluna permitiu uma interação personalizada e precisa que estimula regiões neurais específicas e ajusta a caminhada do paciente em tempo real, auxiliando na superação de um dos grandes desafios no tratamento do Parkinson, assim como, eventualmente, outros tipos de parkinsonismo”.
“O implante de eletrodos na coluna já é conhecido e feito atualmente com frequência, focado no tratamento de dores crônicas. O fato de poder aplicá-lo, de modo adaptado, no tratamento de Parkinson, pode fazer com que a implementação da técnica seja feita de forma mais rápida do que outras inovações terapêuticas”, ressalta Dr. Bruno Burjaili.