Endometriose aumenta em 20% risco de AVC e infarto, indica pesquisa

Um estudo apresentado em um congresso de cardiologia aponta que uma doença comum entre mulheres pode causar danos ao coração e aos vasos sanguíneos

image 73

A endometriose é uma das principais causas de infertilidade feminina atualmente, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a endometriose afeta cerca de 176 milhões de mulheres no mundo, com mais de 7 milhões apenas no Brasil.

Segundo levantamento da  Associação Brasileira de Endometriose, mais de 30% dos casos levam à infertilidade.

Mas o problema pode gerar efeitos ainda mais preocupantes, é o que aponta um novo estudo realizado no Hospital Rigshospitalet da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, apresentada nesta segunda-feira (2) no Congresso Europeu de Cardiologia (ESC 2024), em Londres, no Reino Unido.

Risco cardiovascular aumentado

O estudo foi baseado em um banco de dados dinamarquês analisou casos de endometriose diagnosticados entre 1977 e 2021, comparando 60.508 mulheres com a doença a 242.032 sem o quadro.

As participantes foram acompanhadas por 16 anos, avaliando fatores como nível socioeconômico e problemas cardiovasculares, como infarto e AVC.

Os resultados mostraram que mulheres com endometriose têm quase 20% mais risco de desenvolver problemas cardíacos e vasculares em comparação àquelas sem a condição.

Como acontece a endometriose?

De acordo com o médico especialista em ginecologia e obstetrícia, Dr. Alexandre Silva e Silva, a endometriose ocorre por disfunções no tecido de revestimento do útero.

“A endometriose é uma condição crônica em mulheres, onde tecido semelhante ao revestimento do útero (endométrio) cresce fora dele, afetando os ovários, tubas uterinas e outros órgãos da região pélvica”.

Sintomas da endometriose:

Dificuldade para engravidar;

Dor intensa durante a menstruação;

Sangramento menstrual irregular;

Dor pélvica persistente;

Dor durante as relações sexuais;

Fadiga.

Existe tratamento para endometriose?

Sim, existe tratamento para o problema, mas ele pode variar de acordo com cada situação e paciente, em geral, é necessária cirurgia, nos casos mais graves pode ser necessária a remoção de parte do intestino e da bexiga.

“Os tratamentos para endometriose são adaptados para cada paciente, mas em geral utilizam medicamentos para dor, terapia hormonal para reduzir o crescimento do tecido endometrial e, em casos mais graves, cirurgia para remover lesões”.

“A histerectomia, cirurgia de retirada do útero só é realizada quando a paciente apresenta adenomiose (focos de endometriose no meio da fibras musculares uterinas) ou quando existem miomas uterinos. A remoção do útero por si só, não trata a endometriose”, afirma o Dr. Alexandre Silva e Silva.

“O resultado desse estudo dinamarquês associando endometriose ao aumento dos riscos de AVC e doença cardiovascular, devem ser analisados com cautela”.

“Pacientes com endometriose são comumente tratadas com anticoncepcionais hormonais orais e temos conhecimento que o uso prolongado dessas medicações podem sim aumentar os riscos de trombose, AVC e risco cardiovascular. A endometriose é uma doença que tem casos graves, com dores incapacitantes, mas isoladamente pode não ser a vilã que descreve esse estudo”, ressalta o Dr. Alexandre Silva e Silva.

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Colunista do Cenário MT é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE - Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro Mensa, Intertel e Triple Nine Society, sociedades de pessoas com alto QI.