Na manhã deste sábado, o Pronto-Socorro de Várzea Grande viveu um momento histórico e carregado de emoção: foi realizada a primeira captação de coração da história da unidade e do município.
A ação envolveu equipes especializadas vindas da região Central do Brasil e também do Nordeste, por meio das Redes Interestaduais de Saúde (RIS), que se deslocaram até a cidade para realizar a captação do coração e do fígado de uma jovem paciente.
Este também foi o terceiro procedimento de captação de órgãos realizado pelo Pronto-Socorro apenas em 2025, sob a atual gestão, um marco que reforça o avanço da cidade nas políticas de doação e transplantes.
Segundo a subsecretária do Hospital e Pronto-Socorro de Várzea Grande, Érika Carvalho, o procedimento representa um marco não apenas para a unidade, mas para toda a sociedade.
“Mesmo diante de uma estrutura pequena, temos construído uma equipe dedicada, preparada e comprometida em oferecer esse serviço que beneficia não só Várzea Grande, mas o Brasil inteiro. Em meio à dor, conseguimos levar esperança e vida para muitas pessoas”, destacou.
Érika ressalta que a decisão da família, tomada em um momento de profunda sensibilidade, transforma dor em solidariedade e renova a esperança de outros pacientes que aguardam por um transplante.
A coordenadora da Comissão Interhospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIDOTT), médica Adriana Podanowski, explica que um procedimento dessa magnitude exige alinhamento absoluto entre diversas equipes.
“Tudo precisa ser feito com precisão, zelo e agilidade. A equipe local trabalha em sintonia com a Central Estadual de Transplantes para garantir que cada etapa ocorra no tempo certo. É um esforço conjunto que envolve capacitação, preparo emocional e compromisso com a vida”, afirmou.
O momento da despedida também emocionou profissionais e familiares. Um corredor foi formado dentro do hospital, reunindo familiares, amigos, equipe médica e enfermagem, em uma homenagem silenciosa e carregada de gratidão à doadora. A ação contou com apoio da Guarda Municipal, Polícia Militar, equipe do CIOPAER, da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Secretaria Estadual de Saúde, garantindo segurança e agilidade durante toda a operação.
Por se tratar de um órgão extremamente sensível, o coração foi transportado até um ponto de apoio próximo ao Pronto-Socorro e, de lá, levado de helicóptero até o aeroporto. O procedimento precisou seguir rigorosamente o tempo máximo de quatro horas entre a retirada e o transplante no paciente receptor. Já o fígado seguiu para a nordeste, por outra equipe médica.
Durante a operação aérea, um gesto de solidariedade chamou a atenção, o morador Junco Garcia cedeu o próprio quintal para o pouso do helicóptero, garantindo que a transferência ocorresse com mais rapidez.
“O que for possível a gente ajudar para o bem, será sempre bem-vindo. A equipe da polícia entrou em contato perguntando se poderia pousar aqui, e de pronto eu concordei. É gratificante saber que meu quintal ajudou a salvar vidas”, relatou o morador.
A secretária municipal de Saúde, Deisi Bocalon, destacou a importância do gesto da família e do empenho de todos os profissionais envolvidos.
“Hoje celebramos um ato de amor em meio à dor. A doação de órgãos é uma luz para quem espera por uma nova chance, e ver o Pronto-Socorro alcançar esse marco nos enche de orgulho. Que essa ação inspire outras famílias”, afirmou.
A primeira captação de coração realizada em Várzea Grande simboliza um avanço expressivo para a saúde pública do município e reforça o compromisso de toda a equipe em transformar vidas por meio da solidariedade e do cuidado.
