Você sabia que Francisco Lucas tinha um “capanga mão de ferro” nos seringais?

Os adversários o tratavam de forma pejorativa chamando-o de “Pigmeu”, por ser baixinho e “Carequinha”. Mas o que faltava de altura e de cabelo em sua cabeça, sobrava de coragem e violência nas ações

Fonte: Ascom Prefeitura/Oliveira Neto

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Francisco Monteiro das Silva, conhecido como Chico Monteiro, tenente-coronel da Guarda Nacional, era comerciante em Rosário Oeste e foi o homem mais fiel ao coronel Francisco Lucas de Barros durante toda a história da exploração da borracha nas matas do Rio Verde.

Durante o período em que o Governo do Estado estava nas mãos do Partido Republicano Conservador, Chico Monteiro era um dos homens mais conceituados em Rosário Oeste. Porém, a partir do momento em o Partido Republicano Mato-grossense assumiu o poder com Caetano de Albuquerque, as coisas mudaram para ele, pois passou a fazer oposição ao governo na Vila do Rosário.

Chico Monteiro foi sócio de Francisco Lucas de Barros e Arthur de Campos Borges na empresa Lucas, Borges & Cia até o ano de 1913, quando foi encerrada a sociedade. A partir do momento em que o todo-poderoso de Rosário Oeste, coronel Arthur de Campos Borges deixou os conservadores e foi para o Partido Republicano Mato-grossense, criou-se uma inimizade fora do comum entre Chico Monteiro e Arthur Borges.

Durante o movimento armado de 1916, Chico Monteiro liderou o grupo dos rebeldes em Piavoré, centralizando as ações no barracão de Francisco Lucas, às margens do Rio Verde. Ele também abastecia os seringais de Francisco Lucas de armas e munições, fazia o trabalho de correria nos seringais expulsando os índios e regulava os conflitos entre os seringueiros. Foi nesse período em que ele incendiou os canaviais, matou mais de cem porcos e saqueou por várias vezes o carregamento das tropas de Arthur Borges, nas proximidades do barracão das margens do Rio Arinos.

A tropa de Chico Monteiro também sequestrou o coronel Arthur Borges e o deixou em cativeiro durante a revolução, quando o tenente Laurent Saliés, genro de Arthur, comandando as tropas do governo, invadiu o Piavoré, onde hoje está localizada a cidade de Lucas do Rio Verde, e libertou o coronel. Foi nessa batalha que Chico Monteiro levou um tiro nas nádegas e quase perdeu a vida.

Em 1917, o destemido Chico Monteiro, agora quase deficiente, porém rico, contratou o major Symphônio Lins, o qual se destacou na segunda linha do exército, que antes já havia ocupado o cargo de inspetor da linha telegráfica do Estado e foi líder revolucionário no sítio “Arroz sem Sal”, de propriedade de Orlando, Irmãos & Cia, para representar seus negócios comerciais nos seringais. Symphônio também já havia ocupado o cargo de presidente do clube de leitura “Tiradentes”, de Rosário Oeste, uma organização social muito bem-conceituada naquela vila.

Chico Monteiro terminou seus dias em Rosário Oeste como comerciante bem-sucedido e integrando o quadro do Partido Republicano Conservador. Porém, não há registro sobre a sua morte.

Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.