Uma ação policial que envolveu policiais civis, militares e do Grupo de Operações Especiais culminou na detenção da mulher envolvida na morte e decapitação de um jovem em Lucas do Rio Verde. Como CenárioMT informou, o rapaz teve a cabeça jogada ao lado de um contêiner no bairro Veneza em 26 de janeiro.
No dia seguinte, policiais militares localizaram o corpo do jovem submerso no Rio Piranhas, zona rural de Lucas do Rio Verde. A partir de então, os policiais iniciaram investigação a respeito do crime, prendendo um dos envolvidos no dia seguinte.
Com as investigações em andamento, chegou ao conhecimento da Polícia, um vídeo da execução do rapaz. No material, é possível verificar a presença de uma mulher. Ela conduz o ritual que culminou na morte da vítima.
O vídeo mostra a mulher com tatuagens e outros sinais específicos que levaram à sua identificação. Desde então, ela passou a ser procurada. Com o avanço das investigações, os policiais identificaram o possível paradeiro, fazendo sua detenção no final da tarde desta quarta-feira (02), praticamente uma semana após o crime.
Na chegada da suspeita, houve aglomeração de pessoas em frente à Delegacia de Polícia, no bairro Cidade Nova.
O delegado Marcelo Maidame, que conduziu as investigações, disse que a prisão da suspeita é uma resposta ao crime organizado e à própria suspeita, que de certa forma desafiou as forças policiais.
“Eu quero dizer pra sociedade que confia na polícia. Eu disse desde o começo, nós iríamos solucionar esse caso e estamos dando a resposta pra sociedade. Essa é a segunda prisão referente a esse caso. Várias outras prisões irão acontecer”, adiantou o delegado, citando ainda o possível envolvimento de pelo menos tem mais três pessoas. “Estamos dando a resposta pra sociedade e pra família do Gediano (vítima)”.
Suspeita negou
Questionado sobre as primeiras declarações da suspeita, o delegado comentou que ela negou participação no crime. Contudo, Marcelo Maidame observa que a materialidade de seu envolvimento no assassinato e tortura da vítima é muito forte.
“Está negando, mas as tatuagens por si só já indicam que é ela. Então, isso aí é de negar, é praxe pro criminoso. A suspeita faz parte de uma organização criminosa e é da índole desses criminosos geralmente permanecer em silêncio. Mas nós temos elementos suficientes de prova e de informações de que ela é aquela mulher que aparece no vídeo da execução, do crime do Gediano”, assinalou.
Envolvimento em outras mortes
O delegado indicou que os envolvidos na morte de Gediano também têm participação em outros crimes ocorridos nos últimos dias no município. Todos eles motivados por drogas.
“Teremos mais prisões referente a esse caso e de outros casos também que ocorreram anterior a este, relacionado ao tráfico de droga com homicídios. A gente identifica que essas mortes têm ocorrido pelo fato de usuários ou compradores de drogas que compram drogas ou de outras pessoas que não sejam de pessoas faccionadas. Então quero dizer mais uma vez que Lucas do Rio Verde é uma cidade de pessoas de bem, de pessoas trabalhadoras. Temos várias oportunidades de emprego. E aqui o que vai imperar é a força do estado”, pontuou.
Sem reação
O delegado revelou que a suspeita praticamente não reagiu a abordagem policial. “Nossos investigadores identificaram o local onde ela poderia estar se escondendo. E ela foi pega de surpresa”, destacou, ressaltando a importância do trabalho em sigilo, para evitar vazamento de informações. “Era necessário esse sigilo pra que isso esteja acontecendo. Então é uma resposta rápida”, acrescentou.
No momento da prisão, a mulher estava com outras quatro pessoas no local, entre elas, um suposto namorado. Os outros foram apontados como responsáveis por tentar facilitar sua fuga.
Em relação à função da mulher na facção, a polícia acredita que ela exerce posição de liderança, sendo responsável pela disciplina dos membros que descumprem alguma regra. “Ela é a pessoa que pratica a execução, cobrança de dívidas, dentro da execução. É um fato lamentável”, comentou.
Maidame aponta que os crimes atribuídos a ela são considerados gravíssimos de acordo com o Código Penal. “Crimes de homicídio qualificado por tortura, meio cruel. Sem contar a questão da ocultação do cadáver. Então ela responderá, e com toda certeza será condenada, por crimes que têm pena inicial de doze anos e com pena máxima de trinta anos”, analisou.
Frieza e ousadia
Assim como no vídeo da execução, a mulher demonstrou frieza durante a prisão e encaminhamento para a Delegacia. “Não demonstra nenhum tipo de arrependimento. Inclusive ela estava postando nas redes sociais, recentemente, fotos, mídias dizendo que a polícia não iria pegar e desafiando as forças de segurança. Então eu quero mandar um recado pra organização criminosa aqui de Lucas do Rio Verde: aqui impera a lei, aqui residem pessoas de bem, pessoas trabalhadoras e trabalhadeiras e aqui tem polícia, tem o poder do estado. E esta é a resposta”, reforçou o delegado.
Policiamento ostensivo
O comandante da Polícia Militar no município, tenente coronel Secchi, declarou que as forças policiais vão manter o trabalho ostensivo. Ele confirmou que outras prisões deverão ocorrer ao longo dos próximos dias.
“Vocês também perceberam a presença do CIOPAER, Força Tática, Cavalaria, GOE, da Polícia Civil e os nossos policiais aqui que estão todos os dias na labuta. Então, hoje aí está uma resposta, mas nós ainda não estamos contentes. Agora temos que pegar o restante desses criminosos”, declarou o oficial.