A Secretaria de Assistência Social e Habitação de Lucas do Rio Verde ampliou, neste fim de ano, as estratégias de enfrentamento à violência doméstica com o lançamento de uma cartilha digital informativa e a reformulação do projeto “Todos pela Vida”, voltado especialmente ao público masculino. O lançamento ocorrido nesta segunda-feira (08) reuniu representantes do poder público, instituições e empresas do municipio no auditório Arnaldo Cezário, na sede da CDL. As ações marcaram o encerramento dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher e reforçam o trabalho contínuo da rede municipal de proteção.
De acordo com a secretária Janice Ribeiro, a proposta é ampliar o acesso à informação de forma prática e direta. “Ela é digital. A gente vai estar disponibilizando em todos os prédios públicos, nos PSFs, no hospital, no CRAS, no CREAS, para que leve mais informação. Ela vai falar realmente o que as pessoas precisam fazer diante da violência”, explicou. Segundo ela, apesar da existência de canais de denúncia, a desinformação ainda é uma realidade. “Muitas pessoas ainda não sabem a quem recorrer nesse momento. Então essa é a proposta: pedir ajuda da sociedade e levar mais informação em prol da sociedade em relação à violência doméstica”, completou.
A cartilha surge como um desdobramento do protocolo municipal de atendimento às mulheres vítimas de violência. A assistente social Gisele Belotti detalhou que o material foi construído justamente a partir dessa necessidade prática. “Ela surgiu para trazer, de uma forma mais lúdica, como que você pode pedir socorro quando se depara com uma situação de violência. Quanto mais informações a gente tiver, melhor é. Essa cartilha vem para subsidiar ainda mais os nossos trabalhos”, afirmou. Segundo Gisele, o conteúdo simula uma situação cotidiana em um prédio residencial. “Duas amigas começam a perceber que uma moradora está sofrendo violência e passam a dialogar de que forma podem apoiar essa mulher. Ela mostra como fazer a denúncia, onde procurar ajuda, quais são os canais e dá força para que essa mulher consiga sair do ciclo de violência”, relatou.
Ainda segundo a assistente social, o material foi pensado para ser acessível a todos os públicos. “É uma abordagem completamente fácil. Está bem ilustrativa, lúdica, interage com as pessoas. E o bacana é que ela traz os canais de denúncia, o fluxo de atendimento à mulher e o violentômetro, que ajuda a identificar o tipo e o grau de violência vivido”, acrescentou.
Reforço para o enfrentamento à violência
Para a Guarda Civil Municipal, a iniciativa chega como reforço direto ao trabalho de campo. A integrante da Patrulha Maria da Penha, Priscila Nogueira, destacou que o acesso à informação é decisivo. “Eu sei o quanto essa cartilha é importante, porque a informação salva vidas. A gente realiza um trabalho intenso e sabe o quanto isso vai somar. Mesmo com todo o trabalho, a violência ainda se faz presente, então quanto mais forças nós tivermos para lutar contra esse mal, mais resultados positivos nós teremos”, afirmou.

Segundo Priscila, a falta de orientação ainda é um dos principais desafios. “A gente acha que a informação chega em todos os lugares, mas infelizmente não. Por isso é importante estar levando informação todos os dias. Cada pessoa a mais que você atinge é uma chance a mais de salvar uma vida”, pontuou. Ela também fez um alerta sobre o período de fim de ano. “Nessa época, com festas, confraternizações e maior consumo de álcool, a violência doméstica acaba aumentando. O álcool não é o único responsável, mas ele faz sim com que a pessoa exceda o limite”, observou.
Cartilha e Todos pela Vida
Paralelamente à cartilha, o projeto reformulado “Todos pela Vida” passa a ter foco direto no público masculino. O responsável pela iniciativa, Filipe Henrique Martins, afirmou que a proposta é envolver os homens em um processo de reflexão coletiva. “Nós vamos trabalhar com campanhas de publicidade e fomentar a criação de grupos reflexivos com homens, como grupos de irmandade, onde eles tenham um momento de conversar, se conhecer e entender que também são parte desse mundo violento que a gente vive”, explicou.
De acordo com Filipe, o maior desafio é fazer a mensagem chegar a todos os setores da cidade. “A gente precisa da sensibilização dos empresários, principalmente em setores majoritariamente masculinos, como o agro. É importante que as empresas nos convidem, para que a gente possa conversar de forma mais próxima com essas pessoas”, afirmou. Ele reforça que o contato pode ser feito diretamente com a secretaria. “As empresas podem procurar a nossa secretaria, conversar com a Fabiana, que é responsável pelos eventos, ou com a própria Janice. A gente agenda e vai ser um prazer estar nesses espaços, dialogando e refletindo com os homens”, garantiu.
Janice Ribeiro avalia que, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito. “É um trabalho formiguinha. A gente aplica hoje as ações esperando um resultado no futuro. Não é algo que se resolve só em campanha. A gente precisa trabalhar os 365 dias do ano”, afirmou. Ela lembra que a mobilização de 2025 trouxe novidades, como palestrantes de fora e eventos em parceria com a Câmara Municipal. “A rede é forte, tem parceria, muita gente quer fazer mais. Mas a gente entende que ainda é pouco. A mudança é cultural e começa dentro das nossas casas, com a educação das nossas crianças”, concluiu.
A mobilização, segundo a secretaria, não se encerra com campanhas pontuais. O trabalho será contínuo ao longo de todo o ano, com foco em educação, prevenção e fortalecimento das redes de apoio.
























