As pequenas tampinhas de plástico, de metal e lacres de latas de bebidas que quase sempre passam despercebidas no cotidiano, ganharam novo significado em Lucas do Rio Verde. Transformadas em símbolo de cuidado e solidariedade, elas agora são o ponto de partida da campanha “Tampinha Solidária”, apresentada nesta terça-feira (2) e criada para ampliar os recursos destinados às ações da SOS Animais, grupo que atua no resgate e na recuperação de cães e gatos em situação de abandono. A novidade chega amparada por uma rede de parceiros e pelo entusiasmo de voluntárias que, há anos, mantêm o trabalho ativo apenas com doações e muita dedicação.
Idealizadora da campanha, a voluntária Elisângela Tomelero explicou que o projeto só foi possível porque a SOS Animais encontrou empresas dispostas a colaborar. “Esse projeto já existe em alguns municípios vizinhos e foi possível colocar em prática devido aos parceiros que a gente foi atrás. Um deles é o Vitor, da Kasa Móveis, que nunca mediu esforços, principalmente para trabalhos sociais”, afirmou. Segundo ela, o grupo é formado por cerca de 28 mulheres que atuam de forma totalmente voluntária e que recentemente formalizaram a organização com a criação de um CNPJ.
O trabalho começa ainda nas ruas, com o resgate de cães e gatos sem tutor. Depois de recolhidos, os animais recebem atendimento veterinário em clínicas parceiras e, quando estão em plenas condições de saúde — vacinados, castrados e reabilitados — entram na fila de adoção. “A gente faz uma triagem muito séria. Quem vai adotar precisa ter responsabilidade, continuar com as vacinas e oferecer um lar digno. Verificamos se a casa é cercada e não permitimos animais amarrados”, reforçou Elisângela. Atualmente, algumas protetoras chegam a abrigar mais de 20 animais em suas próprias casas até que encontrem uma família definitiva.
Tampinhas para colocar as contas em dia
A campanha das tampinhas chega como uma alternativa para gerar renda e fortalecer financeiramente a instituição, que já acumulou dívidas entre R$ 130 mil e R$ 140 mil em momentos críticos. “Esses materiais serão coletados, os coletores vão enchendo e depois vendemos para uma empresa compradora. O valor arrecadado vai direto para custear resgates, tratamentos e despesas gerais”, explicou. Além disso, o projeto prevê a instalação inicial de dez coletores distribuídos estrategicamente pela cidade para facilitar a participação da comunidade.
Elisângela destacou ainda o papel educativo da campanha. A ideia é inserir crianças e jovens desde cedo no conceito de responsabilidade social e ambiental. “Muitas pessoas não têm condição financeira de ajudar, mas podem contribuir com tampinhas e lacres. As crianças já estão sendo incentivadas e queremos levar o projeto às escolas para ampliar essa conscientização”, disse.
O empresário Vitor Quinzani ressaltou que a iniciativa dialoga com o compromisso social que diversas empresas já demonstram em Lucas do Rio Verde. “A sociedade luverdense tem feito um trabalho social incrível, e a Kasa Móveis não poderia ficar de fora. A ideia é sensacional e simples, permitindo ajudar muita gente”, comentou. A empresa doará dez coletores ao longo de 2026 e recebeu apoio de outros parceiros, como a Cortemax, responsável pelo acrílico, e a Seta, que colaborou com os adesivos. “Fica aberto para outros empresários participarem. Queremos que a classe empresarial esteja cada vez mais envolvida com ações sociais”, completou.
Além do benefício direto à SOS Animais, o projeto também contribui para o meio ambiente, estimulando a coleta correta de materiais plásticos. Vitor acredita que o envolvimento das crianças fará toda a diferença. “Uma criança pode vir fazer a doação de forma prática e rápida. É um gesto simples que ajuda o social e também o ambiental”, disse.
Os coletores contam com dois QR Codes para doações diretas e serão instalados em pontos de grande circulação. Durante o lançamento, Vitor anunciou inclusive as primeiras contribuições financeiras para reforçar o caixa da entidade. Paralelamente, a SOS Animais segue realizando ações como bazares beneficentes e uma rifa especial de fim de ano, sempre com o apoio da comunidade.
“É um grupo bem organizado e transparente. A sociedade vem nos ajudando muito, seja com roupas, calçados, dinheiro ou trabalho voluntário. E queremos dar continuidade a esse trabalho sempre levando a seriedade em primeiro lugar”, finalizou Elisângela.
