A exploração madeireira aumentou 60% em Mato Grosso entre os anos de 2018 e 2019 e 37% desse número foi explorado de forma ilegal.
É o que apontou um estudo recém-publicado pelo Instituto Centro de Vida (ICV).
Segundo o ICV, entre 2018 e 2019, o estado de Mato Grosso contabilizou um aumento de 60% na área de exploração madeireira em relação ao período avaliado anteriormente, entre 2016 e 2017.
Foram 457 mil hectares de florestas nativas exploradas no estado no período, que vai de agosto de 2017 a julho de 2019. O mapeamento anterior, de agosto de 2015 a julho de 2017, contabilizou 268 mil hectares explorados.
Do total mapeado no período atual, 289 mil hectares (63%) foram realizados de forma legal, ou seja, com autorização válida e dentro de área autorizada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema/MT).
Já 168 mil hectares (37%) foram explorados ilegalmente, o que representa uma diminuição na proporção da ilegalidade na exploração madeireira do estado. No período anterior, 39% da atividade foi ilegal.
Os dados são do “Mapeamento da ilegalidade na exploração madeireira em Mato Grosso entre 2018 e 2019”.
A análise foi baseada no Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), elaborado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), e com adaptações incorporadas pelo ICV e Sema/MT.
Proporção da ilegalidade menor e área maior
A publicação mostra que a proporção de ilegalidade na atividade madeireira em Mato Grosso sofre uma redução gradativa nos últimos anos.
No biênio de 2014 a 2015, o estado contabilizou uma média de 41% de ilegalidade nas áreas de extração madeireira, média que foi de 39% em 2016 a 2017.
No novo período monitorado, a média baixou para 37%. Apesar de proporcionalmente menor, a atividade ilegal superou em tamanho de área o período anterior avaliado, quando foi contabilizado 112 mil hectares.
Mato Grosso é o principal fornecedor de madeira nativa brasileira e a atividade é a base econômica de 44 municípios do estado, com 3,7 milhões de hectares de área sob manejo florestal, gerando cerca de 90 mil postos de trabalho diretos e indiretos.
Apesar de sua relevância, o setor florestal ainda é marcado pela ilegalidade e frequentemente relacionado ao desmatamento ilegal na Amazônia.
A publicação ainda indica que os últimos movimentos em políticas públicas e gestão ambiental no país têm potencial de agravar o cenário de ilegalidade e dificultar a valorização da legalidade na atividade madeireira.
“O corte de recursos se soma a medidas como a flexibilização do controle de exportação de madeira e a perseguição a servidores pela defesa de posicionamentos técnicos opostos às investidas contra o meio ambiente”, cita o estudo.
Categorização da exploração ilegal
Da área total explorada ilegalmente, 116,3 mil hectares (69%) incidiram em imóveis rurais cadastrados, seguido pelas áreas sem categoria fundiária definida, com 25,8 mil hectares (15%), 16,6 mil hectares em terras indígenas (10%), 5,6 mil hectares em unidades de conservação (3%) e 3 mil hectares em assentamentos rurais (2%).
Dos 168 mil hectares, mais de 22 mil das áreas exploradas ilegalmente se deram em áreas protegidas. O número representa um aumento de 79% da exploração madeireira ilegal nas áreas protegidas do estado em relação ao biênio anterior, quando foram mapeados 12,4 mil hectares.
Foram 20 Terras Indígenas (TIs), o que simbolizou um aumento de 139% na área explorada nessa categoria em comparação ao período anterior, e sete Unidades de Conservação (UCs) impactadas.
Nos projetos de assentamentos federais (PAs), a exploração madeireira ilegal totalizou 3 mil hectares distribuídos em 15 assentamentos, o que indicou uma redução de 16% na área total explorada ilegalmente da categoria em relação ao biênio anterior.
Dos dez municípios com maior registro de explorações ilegais, oito também figuram no ranking da exploração madeireira legal.