No momento em que o país passa por uma ampla discussão a respeito de medidas para diminuir a inadimplência dos consumidores e as taxas cobradas pelos cartões de crédito, uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise, aponta que 55% dos consumidores entrevistados não fazem controle dos gastos mensais com cartão de crédito. Entre os que realizam o controle (44%), os principais mecanismos utilizados são o caderno/agenda (18%) e a planilha em computador (17%).
De acordo com o levantamento, 80% dos consumidores que utilizam o rotativo do cartão de crédito, também não sabem a taxa de juros mensal cobrada. Entre os que sabem, a média estimada declarada é de 13%.
Já 77% dos consumidores analisaram as tarifas e/ou os juros cobrados ao adquirir o cartão de crédito, sendo que 57% verificaram as tarifas cobradas e 36% os juros cobrados por atraso no pagamento ou uso do rotativo. Mas 15% não fizeram este tipo de análise.
Considerando os últimos 12 meses da data de realização da pesquisa, o cartão de crédito foi utilizado por 78% dos entrevistados, sendo o seu uso frequente (todos os meses) para 69% dos consumidores, e 23% utilizaram a cada 2 ou 3 meses.
“O crédito é um instrumento que alavanca a economia, ampliando o bem-estar dos consumidores e as receitas dos lojistas, desde que usado com consciência e planejamento. Se por um lado ele pode ser pensado como um atalho para algumas conquistas da vida, por outro, pode trazer consequências graves ao orçamento, caso o consumidor não utilize esse crédito com prudência e organização de suas finanças”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
Roupas, calçados, acessórios e remédios são os produtos mais comprados com cartão de crédito
Os produtos e serviços mais comprados pelo cartão de crédito são roupas calçados e acessórios (58%), remédios (47%), supermercado (44%) e eletrodomésticos (43%).
De acordo com os consumidores entrevistados, 51% utilizam o cartão para compras na internet, 45% quando não tem dinheiro para pagar à vista e precisa parcelar a compra e 36% quando o valor da compra é alto.
Entre as razões para não usar o cartão de crédito estão a preferência de pagar as compras à vista, seja para ganhar descontos (31%), ou mesmo não tendo desconto (26%), seguido de não ter cartão (19%) e o risco com que percam o controle e comprem por impulso (19%).
Considerando as principais vantagens em pagar as compras com o cartão, os respondentes acreditam que é poder parcelar as compras (48%), ter prazo para pagar (40%), fazer compras online (36%) e poder comprar mesmo sem dinheiro disponível (30%).
Maioria dos cartões de crédito foram emitidos por bancos digitais. 29% admitem já ter sido negativados por falta de pagamento da fatura
A maioria dos consumidores admite que solicitou aos bancos/instituições/lojas o cartão de crédito (44%). Enquanto 42% receberam uma oferta e aceitaram.
De acordo com os entrevistados, a maioria dos cartões foram emitidos por bancos digitais (62%) e bancos tradicionais (59%).
Os motivos para a contratação de cartões de crédito emitidos por bancos digitais são a facilidade de resolver tudo pela internet sem burocracia (51%), economizar no pagamento de taxas, juros e anuidade por serem mais baixos que dos bancos tradicionais (44%) e aprovação do crédito/serviços mais rápida e menos burocrática (40%).
A pesquisa apontou que 88% possuem cartões de crédito, sendo 2 a posse média de cartões de crédito atual pelos entrevistados.
Os principais motivos para se ter mais de um cartão de crédito são: não pagar anuidade (41%), ter um valor maior de crédito disponível (33%) e conseguir melhores prazos de acordo com a data de fechamento da fatura (32%).
“O cartão de crédito é uma modalidade importante para os consumidores terem acesso ao parcelamento de bens que dificilmente conseguiriam comprar à vista. É fundamental que o governo encontre um equilíbrio com os bancos em relação aos juros cobrados no país. O consumidor brasileiro paga um dos maiores juros do mundo que impactam no poder de compra das famílias e no crescimento econômico”, afirma Costa.
Em relação ao pagamento das faturas, 58% afirmaram que nunca pagaram o mínimo da fatura do seu cartão de crédito, 22% já pagaram, mas não pagam dessa forma há pelo menos 12 meses e 15% costumam pagar o mínimo às vezes ou se necessário.
Em relação à faturas atrasadas, 21% possuem o pagamento de ao menos uma fatura de cartão de crédito em atraso. Em média, a quantidade de faturas em atraso é de 2. Já 71% não possuem faturas em atraso atualmente.
Entre os 65% que possuem alguma(s) compra(s) em aberto na fatura, a média de parcelas a serem pagas nos próximos meses é de 6 (com aumento de 1 parcela comparado a 2022). De acordo com os entrevistados, 29% admitem já ter sido negativados por falta de pagamento da fatura do cartão de crédito nos últimos 12 meses da realização da pesquisa, sendo que 16% ainda estão com o nome sujo. 30% já tiveram o cartão bloqueado por falta de pagamento.
Empréstimo pessoal
O empréstimo pessoal também foi analisado pela pesquisa. De acordo com o levantamento, 25% dos entrevistados contrataram empréstimo pessoal e 17% contrataram empréstimo consignado em bancos e/ou financeiras nos últimos 12 meses da realização da pesquisa.
De acordo com os entrevistados, 78% verificaram a real possibilidade de pagamento das prestações ao longo do período antes de fazer o empréstimo.
A respeito dos motivos que levaram a contratação dos empréstimos, 32% fizeram para pagar outras dívidas, seja de empréstimos, cartão de crédito ou prestações de compras, 17% para pagar contas de consumo do dia a dia e 11% para imprevistos com manutenção de automóvel/moto.
A boa notícia é que 74% afirmam não possuir parcelas de empréstimo em atraso. Entretanto, 20% admitem inadimplência no pagamento sendo a média de cerca de 4 parcelas em atraso, com aumento de 1 parcela comparado a 2022. 27% afirmaram ter tentado tomar algum tipo de empréstimo nos últimos 3 meses; sendo que 14% conseguiram e 13% não conseguiram.
O nome sujo é o principal motivo da não cessão de crédito pelas instituições financeiras (56%), seguido do valor do empréstimo solicitado ser maior do que a renda permite (16%) e falta de garantia para os credores (16%).
Nos últimos 12 meses, 22% dos entrevistados utilizaram o limite do cheque especial, sendo que 41% usaram todos os meses, 33% a cada 2 ou 3 meses e 19% usaram cerca de 3 vezes no ano ou menos.
71% receberam o cheque especial do banco ou instituição financeira de forma deliberada, sendo que 42% receberam uma oferta e aceitaram e 28% receberam sem que fosse solicitado. Por outro lado, 22% fizeram uma solicitação.
Os principais motivos que levaram a utilizar o cheque especial foram: imprevistos com doenças (26%), pagamento de contas que estavam com o prazo a vencer (24%), descontrole no pagamento das contas (22%), compra de mantimentos para a casa (18%) e pagamento de dívidas em atraso (16%).