Todo mundo sabe que dormir é de extrema importância para o bem estar do ser humano. Mas, será que temos noção do quando não dormir pode ser prejudicial à nossa saúde? A privação de sono de qualidade tem consequências demasiado nefastas das quais muitas vezes não temos verdadeira noção, como o aumento da ansiedade, dificuldade de aprendizagem e memorização, desequilíbrio hormonal e alterações metabólicas.
De acordo com o PhD em Neurociências, Fabiano de Abreu Agrela, dormir é mais importante do que a alimentação em muitas das situações, é pior uma noite sem dormir do que um dia sem comer.
“Dormir é um dar “reset” no cérebro, é um momento em que ele se aprimora, fazendo, inclusive, sua limpeza necessária e repondo energia. Mas não pense que ele fica totalmente apagado — ele está ativo, processando as memórias reunidas ao longo do dia. Quando dormimos, há reparos celulares com oxigênio, glicose e limpeza de dejetos. Quando não há este processo, as reações dos órgãos a estímulos e instruções ficam debilitadas. Exemplo da adenosina, envolvida na regulação de importantes mecanismos no SNC e no sono, que se acumula e intoxica o sangue, diminuindo o ritmo da pessoa à proporção das horas que ela passa acordada”, disse.
A falta de sono associada a outras doenças
Fabiano também explica que o défice de sono tem sido associado com o maior risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2, obesidade, doenças cardiovasculares e depressão. Manter boas noites de sono acarreta uma série de benefícios tanto físicos, quanto mentais. Uma boa rotina noturna não só mantem a boa imunidade, como também melhora a concentração, memória, humor, criatividade, disposição e controle do estresse.
“São necessárias de 7 a 8 horas e sono, variando de organismo para organismo, o que por sua vez depende da genética. Privação de sono pode resultar em inúmeras doenças como consequência da disfunção dos neurotransmissores, doenças provenientes do sistema imunológico debilitado, ou danos cerebrais. Humor e sono usam os mesmos neurotransmissores, privar o sono causam os mesmos sintomas da depressão”, revela.
Uma noite perdida, está para sempre perdida?
Há quem pense que compensar o sono resolve. Mas isso não é verdade, já que a noite é feita para dormir e não o dia, por isso temos a melatonina relativa ao escuro e a serotonina relativa à luz. Para compensar uma noite mal dormida, devemos dormir diversas outras noites bem dormidas para equilibrar e regular o ciclo circadiano.
“Dormir é um dos pilares para uma saúde sustentável, para o bem estar físico e mental. O resultado de noites mal dormidas é a disfunção em nossos neurotransmissores, descontrolando assim todo um processo biológico responsável por nossa saúde e bem-estar geral, acarretando doenças em diferentes períodos da vida, causando envelhecimento precoce e levando à morte prematura”, diz Fabiano.
Por fim, Fabiano revela que muitas vezes se ouve queixas constantes de pessoas que simplesmente não conseguem ter uma boa noite de sono. Por vezes, pequenas mudanças de hábitos podem alterar este fator. “Dar passeios ao ar livre, caminhar, não usar celulares ou outros dispositivos eletrônicos uma ou duas horas antes de deitar, e escolher ambientes calmos e com pouca luminosidade são sempre uma ajuda para melhorar a qualidade do sono”, finaliza.
O tema foi, inclusive, debatido em uma palestra no Instituto Casagrande, que sedia um seminário que aborda questões relacionadas à saúde mental no âmbito escolar.