Diversos países vizinhos do Japão estão se mobilizando para evitar que o país prossiga com o plano de despejar água radioativa da usina nuclear de Fukushima no oceano, no entanto, de acordo com autoridades japonesas e com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) o planejamento está em conformidade com os padrões internacionais de segurança ambiental. A medida é considerada necessária para desmantelar a usina que sofreu um derretimento em 2011, após um devastador terremoto e tsunami.
Segundo o plano, a água contaminada será altamente diluída e liberada gradualmente no Oceano Pacífico ao longo de muitos anos. O governo japonês não especificou uma data exata, mas planeja iniciar a liberação durante o verão no Hemisfério Norte, entre julho e agosto.
Apesar das garantias das autoridades japonesas, preocupações têm sido levantadas por nações vizinhas, como a Coreia do Sul e a China. Pescadores sul-coreanos temem pela perda de seus meios de subsistência e os residentes estão estocando alimentos por medo de contaminação. A China foi além e proibiu a importação de alimentos de algumas regiões do Japão.
Quais os impactos do despejo de águas radioativas no oceano?
De acordo com o Pós PhD em neurociências e Biólogo membro da Royal Society for Biology no Reino Unido, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, o despejo de material contaminado no oceano pode ser muito perigoso se não for feito com as devidas precauções.
“A radioatividade é muito perigosa e deve ser manejada com bastante cuidado, caso contrário, se a contaminação sair do controle e ultrapassar os limites ‘aceitáveis’ podem haver graves consequências para o ecossistema marinho do local, o que irá gerar um efeito em cadeia”.
“Se os animais marinhos, as algas ou o sal do oceano for contaminado, os níveis de radioatividade podem aumentar a cada nível da cadeia alimentar fazendo com que quando o ser humano os consuma eles já estejam bastante contaminados”.
“O contato direto com radioatividade acima dos limites de um gray, quantidade máxima que o corpo pode absorver, pode gerar uma série de doenças, náuseas, vômitos, febre, dores de cabeça, mutações genéticas hereditárias nas células reprodutivas, danos irremediáveis nos órgãos internos, podendo causar câncer”.
“No entanto, ainda não há consenso sobre o impacto do consumo de pequenas quantidades de conteúdo contaminado a longo prazo, e também seria necessário identificar se haveria e qual seria a intensidade dessa contaminação, então fica a pergunta, vale mesmo a pena usar essa técnica para dar um fim na água contaminada?” Questiona o Dr. Fabiano de Abreu Agrela.