Após a publicação do livro “Os Sofrimentos do Jovem Werther” de Johann Wolfgang Goethe, em 1774, que narra a história de um amor impossível que termina em tragédia após o protagonista tirar sua própria vida por não ter a chance de concretizar seu amor, surgiu uma grande polêmica acerca da forma como o suícidio é abordado.
A obra foi acusada de ser imoral e romantizar o suicídio, o que poderia estimular outras pessoas a nutrirem uma aura heroica sobre o ato e estimulá-lo, o que gerou o surgimento do termo “Efetio Wether”.
De histórias mundialmente conhecidas, como “Romeu e Julieta”, a obras contemporâneas de sucesso, como a série “13 Reasons Why”, ambas voltadas para o público infantojuvenil, tratam a temática com uma abordagem controversa, tratando-a como um ato de amor ou recurso dramático.
De acordo com o Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, há uma linha tênue entre o incentivo e a prevenção na forma como o tema pode ser apresentado.
“Existe uma teoria de que falar sobre suicídio pode incentivá-lo, no entanto, não tocar no assunto também pode gerar curiosidade e mistério sobre o tema. É importante analisar que a maioria de casos de suicídio poderiam ser evitados se a situação fosse identificada e direcionada para um tratamento adequado e ajudá-la com apoio, conselhos e empatia, o que não acontece se as pessoas ao redor não conhecerem os sintomas desse tipo de caso”.
“Tudo depende da maneira em como se transmite o acontecimento, para que não seja um marketing, e sim uma prevenção”. Explica o Dr. Fabiano de Abreu.
“A pessoa que se mata não faz isso por querer morrer e sim por não querer mais viver assim. Acredito também no que chamo de “colapso racional” onde a disfunção em neurotransmissores específicos destoa a razão, desconecta a região frontal do cérebro impedindo a prevenção e acionando um instinto autodestrutivo, quando alguém está nesse estado é necessária a intervenção de terceiros para evitar situações mais graves“.
“Por isso, ao tratar sobre suicídio, em especial com jovens, é necessário ter bastante cuidado para apresentar o caso com uma abordagem informativa e preventiva, nunca envolta em uma atmosfera dramática, romantica, heroica ou banalizada”. Alerta.