Ao longo da evolução, o cérebro humano desenvolveu complexos sistemas de foco e atenção, adaptando-se às demandas ambientais e sociais. Regiões cerebrais fundamentais, como o córtex pré-frontal dorsolateral e o córtex parietal superior, estão envolvidas na regulação da atenção seletiva e focalizada. Essas áreas permitem que os indivíduos se concentrem em estímulos mais importantes ligados a recompensas e suprimam distrações, otimizando o processamento cognitivo.
A evolução favoreceu a capacidade de foco para aprimorar a eficácia na busca por recursos essenciais, detecção de ameaças e interações sociais. A necessidade de concentrar-se em atividades específicas, como caçar ou construir abrigos, conferiu vantagens adaptativas. A atenção focada permitia o processamento detalhado e a resolução de problemas, maximizando a sobrevivência e reprodução.
A existência e importância desse processo foi reforçada por um novo estudo promovido pela Universidade da Pensilvânia e publicada pela revista científica Neuron, que identificou a ação de um grupo de neurônios relacionados ao movimento visual localizados no córtex pré-frontal lateral que atuam com um padrão de atividades chamado “explosões beta”, responsáveis por suprimir a intervenção de estímulos distratores em face de uma atividade central.
Essa descoberta apoia um desenvolvimento evolucional voltado ao foco em atividades específicas por vez, no entanto, em um contexto contemporâneo repleto de estímulos variados e demandas multitarefa, a habilidade de foco tem sido cada vez mais posta à prova.
Compreender melhor os sistemas que modulam o foco e a regulação de distrações é fundamental para entender os impactos que a cultura de informações rápidas e em massa no cérebro humano e na sua capacidade de manter a atenção em tarefas e atividades específicas, podendo também ser importante para o tratamento de condições que afetam o foco, como TDAH.