Adolescentes com irmãos têm saúde mental pior? Entenda o estudo que gerou polêmica

É preciso ter cuidado ao analisar um estudo para não tirar conclusões muito generalistas, afirma o Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela

Fonte: Fabiano de Abreu

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Recentemente, um novo estudo publicado na revista científica “Journal of Family Issues”, gerou controvérsia após ser alvo de diversas matérias que reforçavam a descoberta de uma maior tendência de que quanto mais irmãos, pior é para a saúde mental.

Os pesquisadores entrevistaram 9.100 alunos do oitavo ano nos Estados Unidos e 9.400 na China, com uma média de 14 anos de idade. Os resultados do estudo indicam que os filhos únicos apresentaram melhores indicadores de saúde mental, semelhante aos participantes com apenas um irmão.

A hipótese dos cientistas é que quanto mais irmãos um adolescente tem, menor é a atenção dos pais e a disponibilidade de recursos, o que pode afetar negativamente a saúde mental. No entanto, outras explicações também são consideradas, como a tendência de famílias com maior poder aquisitivo e, portanto, mais recursos para qualidade de vida e prevenção, em geral têm até dois filhos.

Há relação entre saúde mental e número de irmãos?

De acordo com o Pós PhD em neurociências e membro da Royal Society of Biology no Reino Unido, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, é preciso ter cuidado para analisar estudos e entender o contexto.

Um estudo precisa ser analisada com bastante cuidado para não ter interpretações muito generalistas, por exemplo, esse resultado contradiz um estudo anterior com participação  de mais de 100 mil crianças que concluiu que a saúde mental é melhor em famílias maiores”.

Um outro fator importante a ser considerado é a atenção dada pelos pais na cultura atual, que é dissipada em países com maior consumo e tecnologia, o que tem forte relação com a saúde mental, sentimento de negligência, cognição em relação à segurança emocional e comportamentos de risco, autoestima e autoimagem dos filhos”.

Também é importante ter em mente o contexto em que os estudos foram realizados, por exemplo, o estudo atual focou na China e nos Estados Unidos, já o anterior havia focado na Noruega, culturas diferentes, onde a atenção direcionada aos filhos é feita de forma diferente”, explica Dr. Fabiano de Abreu Agrela.

Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, Colunista do Cenário MT é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA - American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE - Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE - Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro Mensa, Intertel e Triple Nine Society, sociedades de pessoas com alto QI.