A sétima edição do Panorama Ambiental Global (GEO7), divulgada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente em Nairóbi, destaca que a ausência de respostas efetivas à crise climática pode resultar em milhões de mortes e prejuízos trilionários. O estudo reúne análises científicas sobre a trajetória ambiental do planeta e apresenta soluções capazes de reduzir riscos sociais e econômicos.
O relatório indica que medidas estruturais podem prevenir mortes, combater a pobreza e gerar até US$ 20 trilhões anuais à economia global até 2070. Para o cientista Robert Watson, as transformações necessárias envolvem mudanças profundas nos sistemas econômicos, energéticos e alimentares, exigindo ação integrada entre governos e sociedade.
O GEO7 estima que as recomendações propostas podem evitar 9 milhões de mortes prematuras ligadas à poluição, reduzir a subnutrição e tirar milhões de pessoas da pobreza extrema. Segundo o documento, esses avanços dependem de investimentos elevados para viabilizar as mudanças estruturais.
Custo
A análise aponta que serão necessários US$ 8 trilhões por ano para atingir a neutralidade climática até 2050 e restaurar ecossistemas essenciais. Apesar do valor, especialistas ressaltam que o custo de nada fazer é muito maior, com projeções de perda de 4% do PIB global até meados do século e aumento da migração forçada.
O relatório calcula que extremos climáticos e altas temperaturas já geram prejuízos de US$ 143 bilhões anuais. Só os impactos à saúde, como os causados pela poluição do ar, somaram US$ 8,1 trilhões em 2019, enquanto danos ligados a substâncias tóxicas presentes em plásticos chegam a US$ 1,5 trilhão ao ano.
Os autores reforçam que o caminho proposto deixou de ser uma opção: tornou-se inevitável. A projeção é que os benefícios econômicos superem os investimentos já em 2050, alcançando ganhos de US$ 20 trilhões anuais até 2070.
Abordagem
O documento recomenda que países revisem seus modelos de decisão, adotando métricas que vão além do PIB para avaliar bem-estar e sustentabilidade. A proposta inclui ampliar indicadores que reflitam saúde humana, capital natural e avanços rumo à economia circular e à descarbonização acelerada.
Análise
A publicação reúne o trabalho de 287 cientistas de 82 países, com contribuições de centenas de revisores, e busca apoiar ações urgentes para tornar o planeta mais resiliente. O relatório também incentiva os países a avançar nas metas climáticas firmadas recentemente e a fortalecer compromissos futuros.
