Salário-mínimo defasado: esse continua sendo um dos maiores desafios enfrentados pelos trabalhadores brasileiros. Em 2025, ele foi reajustado para R$ 1.518, um aumento de 7,5% em relação ao ano anterior. Mas será que o acréscimo é suficiente para cobrir as despesas básicas de uma família? Se olharmos de perto os custos de vida no país, a resposta está longe de ser positiva.
O reajuste considera a inflação acumulada entre dezembro de 2023 e novembro de 2024, que foi de 4,84%, somada a um aumento real de 2,61%. Parece uma melhoria, mas, na prática, o salário-mínimo defasado não acompanha a alta dos preços de produtos essenciais, como alimentação, moradia e transporte.
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Desde 2002, quando o salário-mínimo era de R$ 200, houve um aumento real de 94,7%. Mas essa evolução é só numérica, até porque os preços dos produtos e serviços também cresceram bastante.
Atualmente, cerca de 59,9 milhões de brasileiros dependem exclusivamente desse rendimento, mas a realidade (bem dura) é que ele é insuficiente para garantir um padrão de vida minimamente digno.
Quanto deveria ser o salário-mínimo

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De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), para que um trabalhador e sua família tivessem condições básicas de vida, o salário-mínimo deveria ser de R$ 7.067,68 em dezembro de 2024. Esse valor considera gastos com moradia, alimentação, educação, saúde, transporte, lazer e outros.
A cesta básica é um dos principais indicadores dessa defasagem. Em São Paulo, por exemplo, o conjunto de alimentos essenciais custou, em média, R$ 813,46 ao longo de 2024.
Com isso, um salário-mínimo comprava apenas 1,74 cesta básica, evidenciando a perda do poder de compra. A previsão é que em 2025 o valor da cesta chegue a R$ 850, o que daria ao novo salário-mínimo um poder de compra de 1,79 cesta básica.
A defasagem do salário-mínimo não é novidade. O comparativo entre o valor pago oficialmente e o necessário para cobrir todas as despesas de uma família tem mostrado uma diferença gritante nos últimos anos:
Período | Salário-mínimo
nominal (R$) |
Salário-mínimo
necessário (R$) |
Jan/2014 | 724 | 2.748,22 |
Jan/2015 | 788 | 3.118,62 |
Jan/2016 | 880 | 3.795,24 |
Jan/2017 | 937 | 3.811,29 |
Jan/2018 | 954 | 3.752,65 |
Jan/2019 | 998 | 3.928,73 |
Jan/2020 | 1.039 | 4.347,61 |
Jan/2021 | 1.100 | 5.495,52 |
Jan/2022 | 1.212 | 5.997,14 |
Jan/2023 | 1.302 | 6.641,58 |
Jan/2024 | 1.412 | 6.723,41 |
Dez/2024 | 1.412 | 7.067,68 |
Fonte: DIEESE
A solução para reduzir essa desigualdade passa por uma política salarial que considere não apenas a inflação, mas também o custo de vida real da população. O debate sobre o salário-mínimo defasado precisa ser constante, e os trabalhadores devem buscar maneiras de pressionar os políticos em quem votaram a se juntarem na batalha por reajustes mais justos, que garantam não apenas a sobrevivência, mas uma vida digna.
Enquanto isso, os brasileiros seguem na luta para fazer cada real render mais, tentando se adaptar às dificuldades e buscando maneiras de equilibrar suas contas. Mas a verdade é que ninguém deveria precisar escolher entre pagar as contas ou colocar comida na mesa. O salário-mínimo, como o próprio nome sugere, deveria ser o mínimo necessário para garantir uma vida com dignidade – e, infelizmente, estamos muito longe disso.