Em seu mais recente Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF), a Instituição Fiscal Independente (IFI) avalia que a inflação e os juros em crescimento, somados ao aumento da dívida pública, são temas preocupantes para a economia e merecem mais atenção do poder público. Com esse cenário, aponta o órgão do Senado, o crescimento econômico deve girar em torno de apenas 0,5% em 2022.
“O custo médio da dívida pública emitida pelo Tesouro continuou a aumentar em fevereiro e em março. O movimento reflete a alta da Selic, mas também a dinâmica dos juros futuros”, diz o documento, mencionando a taxa básica fixada periodicamente pelo Banco Central para o custo do dinheiro, principal instrumento da autoridade monetária com vistas ao controle da inflação.
Segundo o relatório, as emissões da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) no mês passado foram de R$ 78,6 bilhões. Desse montante, R$ 65,2 bilhões são de títulos atrelados à taxa Selic, que é flutuante.
“As emissões líquidas de dívida feitas pelo Tesouro têm se concentrado em papéis remunerados por taxa flutuante, o que ajuda a entender o movimento de elevação do custo médio do estoque e das ofertas públicas da DPMFi. As incertezas presentes no ambiente econômico, potencializadas pelo conflito na Ucrânia, indicam que os títulos atrelados à Selic seguirão ganhando participação, ao mesmo tempo em que o custo médio da dívida continuará em elevação”.
Em relação ao mercado de trabalho, o RAF deste mês mostra que o ano começou com expansão das vagas de emprego, mas a renda média caiu.
“Observa-se, de um lado, uma queda dos rendimentos reais — 8,8% na comparação interanual — e, de outro, uma recuperação do emprego, embora ainda concentrada no mercado informal, com ocupações precárias, sem carteira assinada”.
Por outro lado, de acordo com o a análise do RAF, a arrecadação federal continua em crescimento, devido principalmente ao aumento da inflação e do preço internacional do petróleo. Mesmo assim, pelas atuais projeções da IFI, a expectativa é que o resultado primário de 2022 fique em cerca de R$ 100 bilhões negativos.
Além disso, a instituição avisa que o governo federal não terá espaço orçamentário para a criação de novos gastos este ano, “dada a forte restrição do teto de gastos”.