O mercado brasileiro de trigo continua registrando avanços nos preços, impulsionados pela entressafra, pela postura cautelosa dos vendedores, que aguardam novas valorizações, e pelo cenário de alta nos valores internacionais. Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), essa combinação de fatores tem reduzido a liquidez doméstica, já que os elevados volumes importados nos últimos meses e a dificuldade de repasse das altas para os derivados limitam o ritmo das negociações.
No campo, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou neste mês que a área plantada de trigo no Brasil em 2025 deve ser 2,1% menor em comparação ao ciclo anterior, totalizando 3 milhões de hectares. No entanto, a produtividade média nacional pode crescer 18%, atingindo 3,04 toneladas por hectare. Se esse cenário se confirmar, a produção total poderá alcançar 9,12 milhões de toneladas, representando um aumento de 15,6% em relação à safra passada.
Mesmo diante dessa projeção de maior oferta, os preços internos seguem sustentados pelo ritmo de comercialização, influenciado tanto pela oferta ajustada neste momento de entressafra quanto pelo comportamento dos agentes do mercado. A valorização externa também reforça essa tendência, uma vez que os preços internacionais influenciam diretamente a precificação do cereal no Brasil.
A expectativa é de que o plantio da nova safra tenha início em meados de abril nos principais estados produtores, trazendo uma nova dinâmica ao mercado nos próximos meses. Até lá, o comportamento dos vendedores e a evolução da demanda seguirão determinando o movimento dos preços no país.