A morte de Alysson Paolinelli deixou a agricultura brasileira de luto. A análise é de Joci Piccini, presidente da Fundação Rio Verde, responsável pela realização do Show Safra em Lucas do Rio Verde.
Piccini pontuou que o falecimento de Paolinelli pegou o setor produtivo de surpresa. “Recebi com tristeza essa notícia. A agricultura brasileira está de luto e nós não devemos esquecer nunca do que esse homem fez pelo Brasil e pela agricultura, deixou sua marca”, disse.
Por outro lado, Joci relembra com carinho a homenagem feita ao ex-ministro da Agricultura durante o Show Safra. A cada edição, o evento homenageia uma personalidade que tenha contribuído com o desenvolvimento regional. Paolinelli teve papel fundamental na criação da Embrapa e na produção de grãos do cerrado brasileiro.
“Conseguimos fazer uma das últimas homenagens a ele em vida. É um homem tão importante e tão sábio sobre agricultura, sobre a visão de futuro que ele tinha do cerrado brasileiro, das tecnologias que nós iríamos aplicar hoje que ele já falava isso 50 anos atrás”, observou Piccini.
O presidente da Fundação Rio Verde acrescenta que a obra de Paolinelli se perpetuará pela iniciativa e ousadia do ex-ministro. “Um marco que vai ficar para sempre, dentro de tudo aquilo que acontecerá na agricultura brasileira, esse imortal vai fazer parte, de todos os atos, as revoluções que haverão de acontecer na agricultura, vai ter sempre um pedaço desse personagem no meio dessa história”, concluiu
Trajetória
Alysson Paolinelli faleceu aos 86 anos nesta quinta-feira (29) após complicações de uma cirurgia para colocar uma prótese no fêmur. Ele chegou a ficar quase 30 dias internado no Hospital Madre Tereza, em Belo Horizonte.
Nascido em 10 de julho de 1936 Bambuí (MG), Paolinelli deixou sua cidade natal aos 15 anos para cursar o ensino médio em Lavras (MG). Lá ele também se formou engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura de Lavras.
Em 1971, foi convidado a assumir a Secretaria de Agricultura de Minas Gerais. Paolinelli encarou o desafio de implantar uma nova matriz produtiva no estado.
Três anos depois, Alysson assumiu o Ministério da Agricultura no governo de Ernesto Geisel. Como titular da pasta, ele abriu um período de políticas para o setor e para o desenvolvimento do Centro-Oeste brasileiro. Para tanto, priorizou a ciência e estruturou a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), criada na gestão do ex-ministro da Agricultura Cirne Lima, em 1972.
Além das realizações no campo político, em 2006, seu trabalho no estudo do potencial agrícola do Cerrado associado à segurança alimentar e ao desenvolvimento sustentável foram premiados com o World Food Prize.
Fundou, em 2012, o Fórum do Futuro, voltado ao debate sobre o desenvolvimento sustentável, com foco em inovação, tecnologia e pesquisa. Estava à frente do Projeto Biomas Tropicais, que oferece um novo caminho para a produção alimentar, preconizando a precedência da ciência na definição dos limites de uso sustentável dos recursos de cada bioma, antes do seu uso econômico.
