Mídia internacional destaca que Brasil amplia protagonismo no agronegócio com guerra comercial entre EUA e China

Fonte: CenarioMT

plantio soja
(Foto: Tchélo Figueiredo/Secom)

A intensificação das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, marcada por uma escalada de tarifas e sanções mútuas, tem gerado impactos positivos para o agronegócio brasileiro, especialmente nas exportações de soja e carne bovina para o mercado chinês. Segundo reportagem do Financial Times, o Brasil vem consolidando sua posição como principal fornecedor de alimentos para a China, aproveitando a retração das exportações agrícolas norte-americanas, prejudicadas pelas barreiras tarifárias impostas por Pequim.

Os dados do primeiro trimestre de 2025 reforçam essa tendência: as vendas brasileiras de carne bovina para a China cresceram cerca de 33%, e as exportações de carne de frango aumentaram 19% apenas em março. O movimento foi impulsionado pela demanda externa aquecida e pela competitividade dos preços da soja brasileira, que superaram os dos Estados Unidos, pressionados pela redução das compras chinesas.

A resposta da China às tarifas norte-americanas incluiu medidas como o bloqueio de exportações de carne bovina dos EUA, via não renovação dos registros de frigoríficos, além da suspensão de importações de grãos, que se tornaram menos vantajosos economicamente. Esse cenário consolidou o Brasil como uma alternativa sólida e confiável, com a China diversificando seus fornecedores e a União Europeia começando a considerar o país como opção estratégica, diante da possibilidade de também adotar tarifas retaliatórias contra produtos agrícolas norte-americanos.

O atual momento remete à primeira guerra comercial entre EUA e China, iniciada em 2018, quando a soja brasileira passou a ser negociada com prêmio sobre a americana, atraindo investimentos e impulsionando o setor. Agora, embora ainda existam desafios estruturais — como gargalos logísticos nos portos e estradas —, a perspectiva é de que a nova onda de oportunidades estimule aportes em infraestrutura, inclusive com participação chinesa.

No entanto, analistas chamam atenção para a capacidade de resposta da produção brasileira frente à crescente demanda internacional. Mesmo com uma safra recorde, o setor pode enfrentar dificuldades para manter o ritmo e garantir o abastecimento interno. Outro ponto de atenção é a volatilidade das relações entre China e Estados Unidos: um eventual acordo entre as duas potências poderia reduzir a vantagem competitiva brasileira no comércio global.

Ainda assim, o momento atual representa uma janela de oportunidades para o agronegócio nacional, que poderá se fortalecer como um dos principais pilares da segurança alimentar global, desde que consiga equilibrar crescimento sustentável, infraestrutura e previsibilidade de oferta.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso. Cargo: Jornalista | DRT: 0001781-MT