Bets expõem impacto bilionário e ampliam riscos sociais no país

Estudo revela que as apostas online geram perdas econômicas e sociais expressivas, com forte pressão sobre a saúde pública e o orçamento das famílias.

Fonte: CenárioMT

Bets expõem impacto bilionário e ampliam riscos sociais no país
Bets expõem impacto bilionário e ampliam riscos sociais no país - Foto: Divulgação/Senado Notícias

Um levantamento recente aponta que as apostas online, impulsionadas pelas chamadas bets, provocam perdas estimadas em R$ 38,8 bilhões por ano no Brasil, resultado de danos como desemprego, depressão, suicídios e gastos com saúde. O estudo reúne dados de instituições dedicadas à saúde pública e examina o avanço acelerado desse mercado no país.

Segundo os pesquisadores, 17,7 milhões de brasileiros apostaram em apenas seis meses, e cerca de 12,8 milhões já apresentam risco relacionado ao jogo. As projeções incluem impactos diretos e indiretos, como R$ 17 bilhões em mortes por suicídio, R$ 10,4 bilhões associados à perda de qualidade de vida por depressão e mais de R$ 3 bilhões em tratamentos médicos.

[Continua depois da Publicidade]

Do total calculado, quase 79% dos prejuízos têm relação direta com custos de saúde. O documento também destaca que a rápida expansão das plataformas digitais, somada à ausência de políticas públicas robustas e à ampla exposição midiática, intensifica problemas como endividamento e adoecimento.

Dados do Banco Central mostram que brasileiros direcionaram cerca de R$ 240 bilhões às bets em 2024, enquanto beneficiários do Bolsa Família movimentaram R$ 3 bilhões em agosto daquele ano. A arrecadação federal, apesar de crescente, ainda é insuficiente para compensar o impacto: em 2025, o setor deve gerar cerca de R$ 12 bilhões, menos de um terço do prejuízo estimado.

[Continua depois da Publicidade]

Atualmente, as apostas são tributadas em 12% da receita bruta, e tramita no Senado um projeto que pode elevar a alíquota para 24%. Ainda assim, apenas 1% do total arrecadado chega ao Ministério da Saúde, sem garantia de destinação direta para a Rede de Atenção Psicossocial.

Para especialistas, a combinação de regulação limitada, fiscalização frágil e estratégias agressivas de divulgação amplia os riscos, sobretudo entre grupos vulneráveis. A diretora do Ieps avalia que o cenário atual incentiva o consumo e reduz a proteção ao usuário.

A pressão do tema fez surgir uma CPI no Senado, que investigou efeitos das apostas online sobre famílias e possíveis vínculos com o crime organizado. O relatório, porém, foi rejeitado, encerrando os trabalhos sem indiciamentos.

No campo econômico, o estudo classifica a atividade como pouco relevante para emprego e renda. Dados oficiais mostram apenas 1.144 postos formais no setor, e a remuneração representa fração mínima do faturamento das empresas. A informalidade também é elevada: 84% não contribuíram para a previdência em 2024.

Os pesquisadores citam medidas adotadas no Reino Unido, como autoexclusão, restrições rígidas à publicidade e maior destinação de impostos para tratamento de saúde. Para o Brasil, propõem ampliar a parcela da arrecadação destinada à saúde, capacitar profissionais do SUS, proibir propagandas, restringir acesso de grupos de risco e estabelecer regras mais duras para operadoras.

Enquanto isso, entidades do setor criticam propostas de aumento tributário e afirmam que impostos mais altos podem fortalecer o mercado clandestino. Segundo o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável, mais da metade das apostas virtuais no país ocorre na ilegalidade.

Para receber nossas notícias em primeira mão, adicione CenárioMT às suas fontes preferenciais no Google Notícias .
Graduado em Jornalismo pelo Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo): Base sólida em teoria e prática jornalística, com foco em ética, rigor e apuração aprofundada. Envie suas sugestões para o email: [email protected]