Especialistas da área médica estão emitindo um alerta sobre os perigos associados aos procedimentos cirúrgicos realizados por profissionais não habilitados, como dentistas e biomédicos, especialmente em cirurgias plásticas mais complexas, como rinoplastias e outros procedimentos estéticos. Médicos sem especialidades também levantam preocupações. O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) analisou processos de 289 médicos, e entre os profissionais, 48,1% não tinham qualquer título de especialidade médica. Já 49,5% possuiam título em especialidades não relacionadas à cirurgia plástica ou procedimentos estéticos. Dentre os médicos processados, apenas 2,1% eram cirurgiões plásticos, e 0,3% dermatologistas que executam procedimentos estéticos.
De acordo com o cirurgião plástico Dr. Bora Kostić, a crescente demanda por cirurgias plásticas e procedimentos estéticos tem levado alguns profissionais a expandir sua prática para áreas nas quais não têm o treinamento ou a experiência adequados. Isso inclui dentistas realizando rinoplastias, biomédicos realizando lipoaspirações e outros procedimentos cirúrgicos. “Esses procedimentos exigem habilidades específicas e um conhecimento profundo da anatomia e fisiologia do corpo humano. A falta de treinamento adequado e experiência nessas áreas pode resultar em complicações graves e até mesmo colocar a vida dos pacientes em risco”, afirma o especialista.
Complicações comuns associadas à realização de procedimentos cirúrgicos por profissionais não habilitados incluem infecções, assimetrias faciais, necrose tecidual e até mesmo danos permanentes aos órgãos. Além disso, os pacientes podem enfrentar consequências psicológicas e emocionais significativas devido a resultados insatisfatórios ou deformidades resultantes de cirurgias mal executadas.
Dr. Bora enfatiza a importância de os pacientes realizarem uma pesquisa cuidadosa antes de se submeterem a qualquer procedimento cirúrgico. “É necessário verificar as credenciais e a experiência do cirurgião, garantindo que esteja devidamente certificado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) ou por outras organizações reconhecidas”, acrescenta o especialista.
Além disso, os pacientes devem estar cientes dos riscos envolvidos em procedimentos cirúrgicos e serem capazes de reconhecer os sinais de um profissional não qualificado. Se houver alguma dúvida sobre a competência do cirurgião ou a segurança do procedimento, os pacientes são encorajados a buscar uma segunda opinião ou a consultar um cirurgião plástico certificado.
Para o profissional, é fundamental que as autoridades reguladoras e as organizações profissionais adotem medidas para reforçar a regulamentação e fiscalização desses procedimentos, visando proteger a segurança e o bem-estar dos pacientes.