A Inteligência Artificial talvez seja o assunto mais falado do ano, com ferramentas lançadas por grandes empresas de tecnologia que apresentam produções visuais e textuais quase indistinguíveis das reais, tem gerado polêmicas sobre os seus impactos.
Casos recentes como a imagem que viralizou mundialmente do papa vestindo um casaco fora do padrão religioso e logo depois foi confirmada como sendo produzida por uma IA enganou até mesmo consagrados veículos de mídia, ou a cena da novela Travessia que deu o que falar onde a personagem Karina é assediada por um criminoso que utiliza a tecnologia deep fake para se passar visualmente por uma menina, ressaltam a
Recentemente uma petição, assinada por grandes nomes como Steve Wozniak (Apple), Elon Musk (Tesla, SpaceX e Twitter) e Jaan Tallinn (Skype), entre outros, pedia que fosse feita uma pausa de seis meses nas pesquisas relacionadas à Inteligência Artificial para garantir que seus riscos fossem “administráveis”, mencionando “grandes riscos para a humanidade”.
De acordo com o Pós PhD em neurociências, especialista em Inteligência Artificial, programação em Python e IPI Intel, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, as novas tecnologias reforçam uma “cultura de mentira” da atualidade.
“Com as redes sociais já estamos vivendo uma cultura de mentira, onde aspectos narcisistas são cada vez mais reforçados a níveis patológicos, ferramentas de inteligência artificial tornam a linha entre o que é feito por máquina e o que é feito por humanos muito tênue, confundindo a noção de realidade, o que abre margem para diversos outros problemas, em especial a falsidade ideológica digital, como nos casos recentes do papa e da novela Travessia”.
“Há anos eu venho estudando os impactos das redes sociais na população como um propulsor de comportamentos narcisistas, o que tem aumentado os casos de mitomania (síndrome que faz o indivíduo mentir descontroladamente) em crianças perante a necessidade de aparecer gerada por essas mídias, agora, com o advento das novas tecnologias de Inteligência Artificial cujos limites ainda não são totalmente conhecidos essa situação, assim como a saúde mental em geral da população, tende a aumentar” Explica Dr. Fabiano.
“Por isso, é sim importante realizar uma pausa no desenvolvimento de IAs para conseguir mecanismos que possibilitem a identificação de materiais produzidos por softwares, além de compreender melhor como funcionará sua integração com outros sistemas e seus impactos na sociedade, na população e no uso de tecnologias” Afirma.
O uso de Inteligência Artificial para gerar imagens falsas é crime?
Outro grande debate acerca do uso de IAs é sua utilização para gerar imagens falsas atribuídas a outras pessoas, de acordo com o advogado e sócio do escritório Nelson Wilians, Sérgio Vieira, o uso de imagens geradas por softwares pode ser considerado crime.
“Por ser uma tecnologia bastante nova esse tipo de especificidade ainda não é tipificada, mas a criação de imagens artificiais por Inteligência Artificial pode ser enquadrado em outros crimes, como difamação, injúria, crimes de ódio, estelionato, falsidade ideológica ou crimes eleitorais, além de poder significar casos de ‘pornografia de vingança’, quando imagens falsas de cunho sexual de pessoas são divulgadas”.
“No entanto, o maior desafio para criminalizar esse tipo de ação é determinar se uma imagem foi produzida por Inteligência Artificial ou se é real” Explica Sérgio Vieira.