Você sabia que mais da metade dos cerca de 6,2 milhões de pessoas que têm doença de Alzheimer com 65 anos ou mais no Brasil são mulheres? Pois é. Dois terços do total de pessoas diagnosticadas com Alzheimer são mulheres.
Um estudo envolvendo quase 30 mil indivíduos de 18 países, nos seis continentes, sugere que a desigualdade social e econômica pode explicar a maior incidência de demências em mulheres.
O número de pessoas vivendo com algum tipo de demência deve ultrapassar 150 milhões em 2050, com um crescimento significativo nos países menos abastados, sem meios de intervir nos indicadores sociais e econômicos associados à doença.
De acordo com o PhD em Neurociências, Fabiano de Abreu Agrela, primeiro é preciso avaliar o tipo de demência.
“Uma das razões é o fato das mulheres viverem mais tempo que os homens. Uma menina nascida em 2000, por exemplo, viverá 5 anos a mais do que um menino no mesmo ano de nascimento. Para uma ideia típica de proporção. Isso tem relação com o fato de que a doença de Alzheimer tem uma incidência maior com o avanço da idade”, explicou.
No entanto, de acordo com Fabiano, a resposta acima perde força já que, as mulheres são mais propensas do que os homens a desenvolver a doença de Alzheimer, porque mesmo entre os indivíduos que vivem e têm a mesma idade, as mulheres têm maior probabilidade de serem diagnosticadas com Alzheimer do que os homens.
“Não julgo este estudo e penso que todos eles têm sua parte lógica e deve ser levado em consideração. Mas, acredito que este ainda não é uma conclusão mediante a tantas possibilidades possíveis, entre elas, o fato das mulheres serem mais ansiosas que os homens e as consequências da ansiedade em excesso. E isso tem razão não apenas social e cultural, como também hormonal.
Estudos também já comprovaram a relação da ansiedade com a doença de Alzheimer. Então, penso que, este estudo é apenas um trecho de diversos e diferentes fatores que estão relacionados à demência”, afirmou.
Segundo Fabiano, Amilóide, um componente da patologia da doença de Alzheimer, pode ser depositado para combater infecções no cérebro. Ou seja, pode haver uma relação como um subproduto do sistema imunológico do nosso cérebro.
“As mulheres têm cerca de duas vezes mais chances de ter uma doença autoimune e pode ter relação com o sistema imunológico delas e muitas doenças autoimunes são mais comuns durante a gravidez. Esse sistema imunológico mais forte delas, por causa da gravidez, pode acabar por terem mais placas amilóides do que os homens”, finalizou.