Estudo descobre vírus fatal a humanos em morcegos em MT

O hantavírus, que antes era transmitido apenas por roedores, causa uma doença que pode ser fatal em seres humanos e o desmatamento tem aumentado o contato dessas espécies com as pessoas.

Fonte: G1 MT

1 122
Foto: UFMT

Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) identificaram a presença de hantavírus em duas espécies de morcego presentes na região norte do estado. A descoberta traz preocupações para a área da saúde, uma vez que o vírus causa uma doença que pode ser fatal em seres humanos e o desmatamento tem aumentado o contato dessas espécies com as pessoas.

De acordo com a pesquisa, essa descoberta aumenta a preocupação com a possibilidade de surtos de Hantavirose, principalmente em regiões de desmatamento e produção de grãos.

A pesquisa foi desenvolvida pelo Grupo de Ecologia Aplicada (Geca), da UFMT, em parceria com outras instituições do estado e com a Oregon State University e a University of East Anglia.

A presença de hantavírus em espécies morcegos é recente para a ciência. De acordo com o professor Gustavo Canale, do Campus de Sinop, esses vírus estão mais associados à pequenos roedores silvestres, que podem transmitir a Hantavirose pela urina.

Ele explica que a hantavirose pode ser causada por diversos vírus da mesma família. Alguns com sintomas mais leves e outros com sintomas mais graves, mas todos podem levar ao óbito.

O desmatamento e, especialmente, a produção intensiva de grãos nessas áreas, elevam a preocupação, uma vez que os animais que transmitem o vírus podem usar as culturas como fonte de alimento, aumentando consideravelmente sua população e interagindo mais com as famílias que trabalham nas fazendas e moram nas regiões próximas.

O estudo aponta que Mato Grosso já tem mais casos que a média do restante do país e vemos índices elevados da doença na região de Sinop, Tangará da Serra e Diamantina, onde já acontecem surtos esporádicos.

Os sintomas de Hantavirose nos casos leves podem ser confundidos com outras zoonoses, como Dengue e Chikungunya, o que, de acordo com o professor, também contribui para uma subnotificação dos casos.

Nos casos mais avançados, o vírus ataca o pulmão, causando dificuldade para respirar, aceleração dos batimentos cardíacos e tosse seca, desenvolvendo um quadro de “Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus”.

Por causa da forma de transmissão, as populações mais vulneráveis são as que não possuem um saneamento adequado e as que moram em áreas “periurbanas”, ou seja, além dos subúrbios de uma cidade, onde atividades rurais e urbanas se misturam.

Segundo os pesquisadores, a melhor medida profilática para a questão dessas doenças é manter as florestas em pé. para que os mamíferos não precisem procurar por comida nas cidades.

Sou Dayelle Ribeiro, redatora do portal CenárioMT, onde compartilho diariamente as principais notícias que agitam o cotidiano das cidades de Mato Grosso. Com um olhar atento para os eventos locais, meu objetivo é informar e conectar as pessoas com o que acontece em suas cidades. Acredito no poder da informação como ferramenta de transformação e estou sempre em busca de trazer conteúdo relevante e atualizado para nossos leitores. Vamos juntos explorar as histórias que moldam nosso estado!