Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) identificaram a presença de hantavírus em duas espécies de morcego presentes na região norte do estado. A descoberta traz preocupações para a área da saúde, uma vez que o vírus causa uma doença que pode ser fatal em seres humanos e o desmatamento tem aumentado o contato dessas espécies com as pessoas.
De acordo com a pesquisa, essa descoberta aumenta a preocupação com a possibilidade de surtos de Hantavirose, principalmente em regiões de desmatamento e produção de grãos.
A pesquisa foi desenvolvida pelo Grupo de Ecologia Aplicada (Geca), da UFMT, em parceria com outras instituições do estado e com a Oregon State University e a University of East Anglia.
A presença de hantavírus em espécies morcegos é recente para a ciência. De acordo com o professor Gustavo Canale, do Campus de Sinop, esses vírus estão mais associados à pequenos roedores silvestres, que podem transmitir a Hantavirose pela urina.
Ele explica que a hantavirose pode ser causada por diversos vírus da mesma família. Alguns com sintomas mais leves e outros com sintomas mais graves, mas todos podem levar ao óbito.
O desmatamento e, especialmente, a produção intensiva de grãos nessas áreas, elevam a preocupação, uma vez que os animais que transmitem o vírus podem usar as culturas como fonte de alimento, aumentando consideravelmente sua população e interagindo mais com as famílias que trabalham nas fazendas e moram nas regiões próximas.
O estudo aponta que Mato Grosso já tem mais casos que a média do restante do país e vemos índices elevados da doença na região de Sinop, Tangará da Serra e Diamantina, onde já acontecem surtos esporádicos.
Os sintomas de Hantavirose nos casos leves podem ser confundidos com outras zoonoses, como Dengue e Chikungunya, o que, de acordo com o professor, também contribui para uma subnotificação dos casos.
Nos casos mais avançados, o vírus ataca o pulmão, causando dificuldade para respirar, aceleração dos batimentos cardíacos e tosse seca, desenvolvendo um quadro de “Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus”.
Por causa da forma de transmissão, as populações mais vulneráveis são as que não possuem um saneamento adequado e as que moram em áreas “periurbanas”, ou seja, além dos subúrbios de uma cidade, onde atividades rurais e urbanas se misturam.
Segundo os pesquisadores, a melhor medida profilática para a questão dessas doenças é manter as florestas em pé. para que os mamíferos não precisem procurar por comida nas cidades.